abril 19, 2020

A RESTAURAÇÃO DE DEUS PARTE IV - O ALTAR

Como vimos anteriormente, o Senhor nos faz primeiramente retornar à Sua Palavra, depois reacende a sua lâmpada trazendo visão espiritual, mas com o propósito de que Cristo tenha toda a preeminência. Ele é antes de todas as coisas, e tudo subsiste por Ele. O Alfa e o Ômega, o princípio e o fim de tudo. E como também vimos, toda restauração de Deus começa pelo seu Filho, porque Ele é o testemunho de Deus.
Como também já citamos, irmãos preciosos tem exaustivamente falado pelo Espírito, usando os livros de Esdras e Neemias para ensinar a Igreja sobre a restauração do testemunho do Senhor. Mas como o orvalho de Hermon que desce a cada manhã sobre os montes de Sião, e o maná que é dado a cada dia também pela manhã, que o Espírito traga um frescor e um novo alimento para a Igreja de Jesus Cristo; o qual esperamos que Ele o faça em Nome de Jesus. As torrentes do rio Jordão começam com o orvalho que desce do Hermon, e o pão nosso de cada dia, que desce dos céus, se torna doce em nosso ventre.
O Senhor antes de fazer a obra da criação realizou um grande projeto a partir do seu Filho Jesus (Heb. 11.10). Ele é o arquiteto e edificador dessa obra, e sempre que o homem se desvia desse projeto, desse propósito eterno de Deus em Cristo, Ele o faz voltar. Lembrando que todo desvio é de Cristo e para Ele temos que retornar, porque todo o prazer do Pai está nEle e toda a sua vontade será satisfeita. O que todos devemos temer, é que mesmo que este projeto já esteja acabado desde antes da fundação do mundo, Ele pode dizer em qualquer tempo na sua ira: "Não entrarão no meu descanso" Hebreus 4.3.
Olhando para este projeto, para este propósito eterno, vemos então, depois dos 70 anos do cativeiro na Babilônia, Deus restaurando a Sua Palavra que insistentemente foi enviada ao seu povo e desprezada, quando ainda estavam em Israel (II Cron. 36.15-16). Então Deus abriu os olhos de Daniel para ver pelas Escrituras que os 70 anos determinados ao povo de Israel tinha se cumprido (Dan. 9.2). Daniel então, apesar de não retornar a Jerusalém, teve a visão que Deus iria restaurar o templo de Israel, fazendo o seu povo retornar para a terra, e orou pelo povo.
Que coisa bendita é a oração segundo a vontade de Deus! Deus nunca se esquece da sua promessa. Mesmo diante da incredulidade e desprezo do homem, Ele sempre faz uma promessa, sempre jura por si mesmo (Heb. 6.13-18). Daí traz a luz à Sua Palavra aos remanescentes, para que estes unidos ao Seu coração possam orar e serem cooperadores na sua obra.
Assim Deus fez, não com todos a princípio, mas com os remanescentes, pois na restauração, eles sempre são os que cooperam com o Senhor. Deus então estimula os seus espíritos para subirem a Jerusalém para restaurar o templo (Esd. 1.5). A restauração é como um despertar de um sono para os remanescentes (II Cron. 36.22-23, Esd. 1.1).
É claro e notório que Deus tem feito uma restauração preciosa do seu testemunho em todo o mundo, e que muitos tem tido a graça de serem participantes; vendo a princípio, clamando e caminhando em cada ponto. Não usa a todos porque Deus segue o seu padrão como podemos ver na restauração do templo, mas o seu coração, apesar de usar os seus remanescentes, é para todos. Ainda que inicie com os apóstolos, profetas, mestres e santos aperfeiçoados, Ele deseja que todos cheguem (Ef. 4.13). Só não poderão entrar os que não crerem (Heb. 3.19).
Como Deus segue o seu projeto, o seu desenho inicial, a restauração do templo de Israel traz traços muito preciosos para nós olharmos como segue a restauração que Deus tem feito. O Senhor envia a Sua Palavra, traz a visão e a primeira coisa que restabelece é a primazia, a preeminência da Pessoa de Cristo. E isto vemos claramente na restauração do altar, depois dos alicerces, depois do muro e das portas, porque o templo ou o edifício somos nós, a Casa espiritual, a Sua Igreja.
A obra de restauração também requer paciência, não por causa de Deus, mas por causa da fraqueza do homem e dos combates do inimigo, o qual o Senhor deixa para que o seu povo conheça que Ele é o Senhor, e que goze de todas as vitórias alcançadas por Cristo. O Senhor deixa o inimigo para exercitar o seu povo (Jz. 3.1-2), tão somente para que por Cristo também sejam mais do que vencedores.
Desde que começaram a restaurar houve muitas interrupções, o que fez com que a obra estivesse acabada somente em 46 anos (Jo. 2.20). Com Davi e Salomão, como com Jesus, a obra de construção foi rápida, mas a restauração sempre demora mais. Para terminar são necessárias 2 gerações; uma que restaura o altar e os alicerces, e outra que restaura os muros com as suas portas.
A ordem deveria ser inversa, pois seria necessário restaurar os muros com as suas portas e depois o altar, mas vemos que Deus sempre inicia pelo seu Filho, e através do seu sacrifício. Lembremos que antes de Deus criar os céus e a terra, o seu altar foi a primeira coisa a ser levantado, pois o Cordeiro já tinha sido imolado, e o sangue já tinha sido derramado (Apoc. 13.8).
O altar é a primeira coisa a ser levantado e também a ser restaurado, porque o altar representa a Cristo e sua obra sacrificial na cruz. O homem ficou em inimizade contra Deus por causa da queda de Adão, e separado da vida de Deus (Ef. 4.18). Separado da vida de Deus e destituído da sua glória (Rom. 3.23), como filhos da ira (Ef. 2.3).
Para tornarmos a viver com Deus é necessário primeiro uma reconciliação, e ela só pode ser alcançada pela morte. Os pecados só são justificados com o sacrifício de um inocente, e o pecador com a morte (Isa. 22.14; Rom. 6.7). Portanto, é necessário que o pecador, ainda que seja colocado um substituto para o sacrifício, se identifique com aquele que está sendo oferecido em sacrifício. Abel ofereceu um melhor sacrifício, ele viu o Cordeiro de Deus ali, Cristo sendo sacrificado, como também se viu morrendo juntamente com Ele. Quando Deus justifica não vê a morte do substituto somente, mas do pecador também.
Cristo é o cordeiro que foi sacrificado, mas Ele também é o altar. Qualquer homem só pode viver com Deus se for incluído ali. Por isso Deus não aceitou a Caim e a sua oferta. Ele não viu necessidade de se reconciliar com Deus, portanto ele só pensou no sacrifício e não no altar. Pensou que poderia ser aceito como um pecador. Ele não viu necessidade se uma morte e de justificação.
Quando as Escrituras relatam que homens no passado levantaram altares ao Senhor, nos revela que eles estavam se entregando ao Senhor - o altar é testemunho disso - como sacrifício pelo pecado, para que em Cristo tivessem Vida.
Portanto, a restauração do altar restaura a vida do homem com Deus, tanto no que diz respeito à reconciliação quanto à vida espiritual a seguir. Com Deus e com a Igreja, pois a realidade da Igreja são homens e mulheres justificados pela fé, que agora também oferecem os seus corpos como um sacrifício vivo, santo e agradável a Deus. De homens e mulheres cristãos que foram perdoados, justificados e que agora se consideram mortos para o pecado e vivos para Deus em Cristo Jesus (Rom. 6.11). Quando o altar é restaurado toda a comunhão com o Pai, com o Filho, e uns com os outros também é restaurada.
Todas as coisas a serem restauradas por Deus dizem respeito ao seu Filho, por isso a restauração é do testemunho de Deus, que de seu Filho testificou (I Jo. 5.9), e o altar é a primeira representação dEle. Na figura do altar, como a primeira coisa a ser restaurada no templo, mostra que o Senhor restaura a obra de justiça de Deus em Cristo na cruz, no que diz respeito à salvação, perdão, justificação como também de santificação. A Palavra da cruz é loucura para os que perecem, mas para nós que somos salvos é o poder de Deus (I Cor. 1.18).
Sem o altar e o cordeiro a ser sacrificado, isto é, sem Cristo, nada começa com Deus. Deus não aceita o homem pecador para viver com Ele, pois luz e trevas não podem ter comunhão. Se alguém diz que conhece a Deus e anda em trevas é mentiroso (I Jo. 1.6). Por isso Deus começa pelo altar, começa pela reconciliação, começa em nada propor, senão a Jesus Cristo, e este crucificado (I Cor. 2.2).
Não há obra de restauração se primeiro não for restaurado o testemunho do Senhor quanto à Cristo, o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. Nada inicia sem que o homem tome este Cordeiro e o ofereça em seu lugar a Deus, e se veja nEle, morto juntamente com Ele. E pela fé neste sacrifício seja justificado pelo sangue, morte e ressurreição de Cristo. O altar e o Cordeiro para o sacrifício, que são um só: Cristo Jesus.
O novo céu e a nova terra é testemunho disso. Lá não haverá mais altar, nem santuário, pois tudo será o Senhor e o Senhor será tudo (Apoc. 21.22). O que ficará é o testemunho do Cordeiro que foi morto, porque as chagas continuarão em suas mãos e pés pela eternidade. Tudo será esquecido, menos aquilo que iniciou a nossa reconciliação e vida com Deus; que Ele foi morto, mas agora vive pelos séculos dos séculos. Amém.

Fonte: http://www.vida.emcristo.nom.br/

 

abril 10, 2020

A RESTAURAÇÃO DE DEUS PARTE III - A PEDRA ANGULAR

Como vimos anteriormente, o Senhor primeiro nos leva à Sua Palavra e então restaura a vista aos cegos, nos dando visão espiritual. Mas como vimos, a finalidade da revelação da Palavra e da visão é nos levar a Cristo. As Escrituras é uma candeia que alumia em lugar escuro, até que a estrela da alva, a estrela da manhã, a aurora lá do alto surja em nossos corações (II Ped. 1.19; Apoc. 22.16). Aquele que disse a Palavra é o mesmo que resplandece em nossos corações, para iluminar (II Cor. 4.6).
Não que no coração de Deus Cristo não esteja em primeiro lugar, mas para que em Cristo tenhamos vida, é necessário que primeiro o Senhor restaure a Sua Palavra e por ela a visão. Como vamos ver a seguir, Ele primeiro envia a Sua Palavra, e dá visão para que à partir de Cristo comece a edificação, ou a restauração daquilo que já tinha sido edificado e que agora está destruído.
A Palavra de Deus é viva, não somente palavras, por isso é que o Verbo se fez carne. A Palavra enviada não pode voltar para Ele vazia (Isa. 55.11). A candeia alumia em lugar escuro, a profecia é para este tempo, mas um dia ela cessará, um dia essa candeia será apagada (I Cor. 13.8), mas o sol da justiça que resplandeceu em nossos corações jamais será apagado. Quando o último inimigo for vencido, aí não haverá mais noite; não necessitaremos da luz da lâmpada, nem da luz do sol, porque o Senhor Deus nos alumiará pelos séculos dos séculos (Apoc. 22.5). Aleluia!
Aprouve a Deus que em Cristo convergissem todas as coisas; que Ele tivesse toda a preeminência, isto é, que tudo que tivesse algum valor espiritual e eterno estivesse apenas nEle (Col. 1.18). Ele é o Alfa e o Ômega de todas as coisas; o princípio, meio e fim (Apoc. 1.8). Porque dEle, e por Ele, e para Ele são todas as coisas. Ele é a pedra angular, a pedra de esquina por onde começa toda a edificação de Deus.
Não pode haver algum tipo de visão espiritual fora de Cristo. Toda visão fora de Cristo é falsa, é um embuste, uma armadilha, uma mentira astuciosa, ainda que seja usada a Palavra de Deus. Esse é outro grande erro, criar algo baseado na Palavra de Deus, mas sem o Cristo da Palavra. Como Jacó que chamou o lugar da visão que teve de casa de Deus, para depois conhecer o Deus da Casa de Deus (Gên. 35.7). Ele viu somente depois, mas muitos que vieram depois dele não viram a Deus, e aquele lugar se tornou um tropeço para o povo.
Quando Deus criou o mundo criou tudo para Cristo. Ele é antes de todas as coisas, e tudo subsiste por Ele. O Verbo estava no princípio com Deus, e o Verbo era Deus. Tudo foi criado por Ele e para Ele, e sem Ele, nada do que foi feito se fez (Jo. 1.3). Deus fez assim para que em Cristo habitasse toda a plenitude (Col. 1.10). 
Por isso depois de Deus criar os céus e a terra, ele disse: "Haja luz. E houve luz... E Deus chamou a luz Dia, e as trevas noite. E foi a tarde e a manhã o dia primeiro" Gênesis 1.3-4. O que é essa luz, ou melhor, quem é essa luz? A mesma Escritura nos diz em II Coríntios 4.6 que é Cristo: "Porque Deus, que disse que das trevas resplandecesse a luz, é quem resplandeceu em nossos corações, para iluminação do conhecimento da glória de Deus, na face de Jesus Cristo".
Notem também que a palavra "Dia" está em letra maiúscula, indicando que o Dia é uma pessoa. Ele é o primeiro Dia para o universo, e Ele é o primeiro Dia da nossa vida cristã. Sem Ele não há luz, não há Dia, é tudo trevas. Não que havia trevas na eternidade passada, mas depois de tudo criado, sem Cristo tudo era sem forma e vazio; em trevas e só abismos (Gên. 1.1-2).
Quando Deus plantou um jardim no Éden, Ele começou a fazer brotar da terra toda qualidade de árvores, mas Ele começou pelo meio do jardim. A primeira árvore que plantou foi a árvore da vida (Gên. 2.8-9). Quando o homem caiu em pecado, a primeira coisa que Deus fez ao homem, ainda dentro do jardim, foi vesti-los com túnicas de peles de animais que sacrificara (Gên. 3.21). Deus não poderia olhar para a sua criatura em pecado, então passou a olhar para a justiça do Seu Filho.
Quando Deus enviou o dilúvio sobre a terra Ele mandou Noé construir uma arca. Qual é a figura da arca, sendo usada para a salvação da sua família? Cristo claro. Tudo tipifica Cristo. Se você não o vê nas Escrituras, você tem conhecido apenas a letra.
E quando Noé saiu da arca qual foi a primeira coisa que fez depois de receber revelação do Espírito tipificado pela pomba? Fez um altar e sacrificou a Deus, e depois plantou uma vinha. Que figuras tão bendita de Cristo! Tudo tem que iniciar por Ele, porque somente nEle há Vida. - O altar é a assunto que iremos ver a seguir.
Quando o povo saiu do Egito, Deus mandou que eles tomassem para cada casa um cordeiro, e que fosse morto e o seu sangue passado nas vergas das portas. Nada inicia sem um sacrifício e por Cristo. Mesmo antes da fundação do mundo o cordeiro já tinha sido morto (Apoc. 13.8).
Quando Deus mandou Moisés construir o tabernáculo, que tudo tipificava a Igreja, a unidade entre judeus e gentios, a primeira peça a ser construída e introduzida no tabernáculo foi a arca do pacto que tipifica Cristo. E dentro dela três coisas: as tábuas da lei que mostra o caráter, a natureza divina de Deus em Cristo, o maná que tipifica Cristo como o pão da Vida, e a vara de Arão que tipifica o ramo cortado da terra dos viventes, mas que ressuscitou, e nos deu vida eterna.  
Por isso que tudo o que é criado começa por Cristo e é para Cristo. Quando há uma queda, uma destruição,  Deus envia a Sua Palavra, dá visão e começa a restaurar por Cristo. Sempre que Deus retorna para restaurar, Ele sempre inicia pelo seu Filho. Nada pode ser iniciado sem Cristo. Se todo desvio é dEle é lógico que temos que retornar para Ele.
Com a igreja primitiva também foi assim. Antes dEle subir ao céu ordenou aos seus discípulos que ficassem em Jerusalém, porque Ele enviaria a promessa do Pai e do alto seriam revestidos de poder (Luc. 24.49). Depois de dez dias o Senhor derramou o Espírito sobre eles (Atos 1.8; 2.1-3). Tudo começa por Ele, porque o Senhor é o Espírito, e Ele também disse que estaria conosco todos os dias, até a consumação dos séculos. É a sua presença pelo seu Espírito.
No final, quando Deus criar novos céus e uma nova terra, o Senhor fará descer sobre ela a Nova Jerusalém. Esta nova cidade também será edificada como o jardim do Éden, à partir do seu centro, que nos mostra Cristo novamente, aquele que tem toda a preeminência: "No meio da sua praça, e de um e de outro lado do rio, estava a árvore da vida, que produz doze frutos, dando seu fruto de mês em mês; e as folhas da árvore são para a saúde das nações" Apocalipse 22.2.
O primeiro Dia, como vimos é Cristo, e o último também. Portanto, qualquer restauração que haja em qualquer tempo deve iniciar por Ele, porque nEle subsistem todas as coisas, e sem Ele, por melhor que seja, é sem forma, vazio, abismos, trevas, miserável, pobre, cego e nu.
Vamos continuar então a ver na Palavra, pela restauração do templo em Jerusalém como o Senhor caminha na restauração do seu testemunho. Vamos caminhar nos livros de Esdras e Neemias para compartilhar aquilo que o Senhor tem despertado em nosso coração. Uma pequena contribuição com alegria.
Tudo o que veremos a seguir segue falando de Cristo, o testemunho de Deus que precisa ser restaurado.

Fonte: http://www.vida.emcristo.nom.br


 

abril 04, 2020

AS COISAS EXCELENTES

E também faço esta oração: que o vosso amor aumente mais e mais em pleno conhecimento e toda a percepção, para aprovardes as coisas excelentes e serdes sinceros e inculpáveis para o Dia de Cristo. Filipenses 1:9,10


Nessa passagem o apóstolo Paulo faz brotar das profundezas de seu coração, cheio de afeto e carinho
Matthew Henry, discorrendo sobre essa passagem das escrituras, em seu clássico comentário bíblico, enfatiza que Paulo menciona a igreja antes dos ministros, porque os ministros são para a igreja, para a edificação e benefício dela, não a igreja para os ministros, para dignidade, domínio e riqueza deles. Ou seja, as igrejas não são propriedade particular de qualquer ministro ou obra cristã, mas tanto a obra quanto o ministério existem no plano econômico de Deus para as assembleias locais, para o seu equipamento, encorajamento e aperfeiçoamento na verdade, em amor.
É importante frisar que Paulo estava “em algemas” quando escreveu aos filipenses, preso provavelmente em Roma, mas sempre exultante no Senhor e na força do Seu poder (1:7, 13), não sendo subjugado pelas circunstâncias e nem limitado em seu amor pelos santos, como ele expressa nessa carta.
Antes, expressando gratidão, alegria e exultação, Paulo ora para que os filipenses “aprovem as coisas que são excelentes”. Mas quais são “as coisas excelentes”? Ao que Paulo se referia quando proferiu esse clamor divinamente inspirado? O que há de tão excelente que nos tornará “sinceros e inculpáveis” no dia de Cristo? Creio que nessa bela e pequena expressão podemos encontrar e sondar o coração desta carta apostólica.
O sentido aqui é não só de aprovar, julgar [distinguir uma coisa da outra, como algumas traduções bíblicas sugerem], as coisas que são excelentes, mas também, e principalmente, de escolher as coisas mais importantes, essenciais, de elevado valor e relevância, em detrimento daquelas que são secundárias ou de pouca importância.
Alguém já disse que o próprio Paulo é o seu melhor intérprete (uma variante do princípio “a Bíblia interpreta a própria Bíblia”). Logo, com base na própria “carta de amor e gratidão” escrita por Paulo aos filipenses, podemos concluir [não de forma exaustiva, obviamente], que são “coisas excelentes”:

pelos filipenses, uma oração em favor de “todos os santos em Cristo” (1:1) que viviam em Filipos, inclusive os bispos [presbíteros] e diáconos.
(I) Nossa cooperação (comunhão) na defesa e confirmação do evangelho (1:5, 7; 4:18): seja financeiramente [como fizeram os filipenses], seja por meio de um “viver digno do evangelho de Cristo” (1:27), ou por meio de anunciar com mais “desassombro a palavra de Deus” (1:14), engradecendo a Cristo em nosso corpo, quer pela vida, quer pela morte (1:20);

(II) Viver de modo digno do evangelho (1:27-30), estando firmes em um só espírito e como uma só alma, lutando pela fé evangélica e participando da graça de sofrer por Cristo, para sermos irrepreensíveis e sinceros, inculpáveis no meio de uma geração pervertida e corrupta (1:10; 2:15);

(III) Pensar a mesma coisa, tendo o mesmo amor, sendo unidos de alma e tendo o mesmo sentimento de uns para com os outros (2:2): buscando viver entrelaçados na comunhão do Espírito Santo, por meio de exortações em Cristo, consolações de amor e profundo afeto uns pelos outros (2:1);

(IV) Nada fazer por partidarismo ou vanglória (2:3), mas tendo em nós o “mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus”, honrando-nos (2:29) e considerando cada um os outros superiores a si mesmo, buscando o benefício e aumento do Corpo, em amor (2:4);

(V) Desenvolver a nossa salvação com temor e tremor (2:12), fazendo tudo sem murmurações nem contendas (2:14), mas preservando a palavra da vida (2:16), por meio da qual poderemos resplandecer como luzeiros no mundo (2:15);

(VI) Receber com toda alegria e honra homens dedicados à obra de Cristo (2:30), como Epafrodito, “cooperador e companheiro de lutas” de Paulo (2:25);

(VII) Acautelar-se dos falsos obreiros (3:2-6), dos falsos mestres, do falso evangelho, antropocêntrico, humanista, focado no bem-estar, enriquecimento e entretenimento dos homens e não no quebrantamento do eu, na confissão dos pecados, na defesa e confirmação do evangelho de Cristo;

(VIII) Considerar tudo como perda por causa da excelência [sublimidade] do conhecimento de Cristo (3:7-11), considerando tudo o mais insignificante diante da majestade, superioridade, beleza e glória do conhecimento pessoal e subjetivo de Cristo, do poder de Sua ressurreição, da comunhão de Seus sofrimentos;

(IX) Esquecer das coisas que para trás ficam e avançar para o alvo da soberana vocação de Deus, em Cristo Jesus (3:12-16), prosseguindo para conquistar, de algum modo alcançar, a ressurreição dentre os mortos (2:11);

(X) Imitar o modelo de Paulo (3:17-21), afastando-se daqueles que são “inimigos da cruz de Cristo”, pessoas que têm o ventre como deus, preocupando-se apenas com as coisas terrenas, focadas apenas no comer, beber, vestir, divertir-se, e não aguardando com expectativa a vinda do Salvador, de uma pátria celestial e superior;

(XI) Pensar concordemente [em unidade e unanimidade] no Senhor (4:2): se o nosso foco estiver na defesa e confirmação do Evangelho, considerarmos tudo como perda e sem valor diante da excelência do conhecimento de Cristo, e estivermos com os olhos nos céus, na iminente volta do Salvador, pensaremos concordemente no Senhor [uma unidade mais escatológica e cristológica do que eclesiológica];

(XII) Alegrar-se sempre no Senhor (3:1; 4:4-7): lançando fora toda ansiedade por meio da oração e súplica, com ações de graças, pois perto está o Senhor! A alegria no Senhor parece ser a grande tônica da carta, o pensamento fundamental que se entende por toda a epístola. Inobstante não haja uma “doutrina sobre a alegria no Senhor” na carta, é evidente que todos os pensamentos de Paulo sobre a igreja dos filipenses são acompanhados de um tom de alegria, ao ponto de que até mesmo as exortações pessoais são introduzidas com o pedido “tornai plena minha alegria” (2:2). A alegria, sem dúvida, é o fio condutor da carta apostólica;

(XIII) Ocupar o pensamento com tudo que é verdadeiro, respeitável, justo, puro, amável, de boa fama, virtuoso, digno de louvor (4:8-9): uma referência clara a tudo que é positivamente encorajado na carta; e

(XIV) Aprender a viver contente em toda e qualquer situação (4:10-13), confiando sempre Naquele que nos fortalece, por meio do qual podemos lidar alegremente com todas as circunstâncias.
Todas essas “coisas excelentes”, no entanto, possuem como fonte o amor que deve aumentar “mais e mais em pleno conhecimento e toda a percepção”, ou seja, o amor que é o vínculo da perfeição, que nos une ao que é excelente e essencial na vida cristã. Quanto mais plenos em amor, por Cristo e uns pelos outros, mais provaremos a aprovaremos as coisas excelentes e sublimes da vida cristã pessoal e coletiva, mantendo sempre nossa alegria no Senhor, independentemente de nossas “algemas” (circunstâncias).

“Alegrai-vos sempre no Senhor; outra vez digo: alegrai-vos.” Fp. 4:4.
Em Cristo,


Ercolis Santos

abril 01, 2020

A RESTAURAÇÃO DE DEUS PARTE II - A VISÃO

Como vimos anteriormente, o Senhor nos faz primeiramente retornar à Sua Palavra, mas de que adianta as Escrituras se não houver visão espiritual? Como diz Paulo em II Coríntios 3.15, até o dia de hoje ela é lida, mas um véu está colocado sobre o coração deles. A Palavra de Deus pode ser lida, mas se o Senhor não abrir os olhos dos cegos, como disse na sinagoga da Galiléia lendo o livro de Isaías, eles iriam permanecer como estavam (Lucas 4.18).
Depois que o povo de Israel entrou na terra prometida, continuou gozando da mão poderosa e graciosa do Senhor. O Senhor fez com que tudo que tinha dado a Israel fosse escrito, para que eles tivessem cuidado de fazer tudo conforme estava escrito, e então fariam prosperar o seu caminho, e seriam bem sucedidos (Jos. 1.8). Mas com o tempo a visão ia se desvanecendo; não por causa do Senhor, mas por eles mesmos, e as Escrituras se tornavam apenas letra novamente.
Mas o tempo foi passando e chegou um tempo, no tempo do profeta Eli, que a visão se tornara muita rara (I Sam. 3.1). Eles tinham as Escrituras que era lida de tempo em tempo, mas a visão era muita rara. Contudo a lâmpada do Senhor nunca se apaga (I Sam. 3.3). Deus então levantou Samuel, e então a visão foi restaurada: "E continuou o Senhor a aparecer em Siló; porquanto o Senhor se manifestava a Samuel em Siló pela palavra do Senhor" I Samuel 3.21.
A tendência natural não é que as Escrituras sejam esquecidas, mas que a visão seja ofuscada. A lâmpada, a candeia que alumia no lugar escuro não esteja completamente acesa (II Ped. 1.19). O apóstolo Paulo também nos adverte isto em I Tessalonicenses 5.19, quando diz: "Não apagueis o Espírito". A letra sem o Espírito é uma candeia sem luz.
Mas a promessa do Senhor é que o pavil que fumega nunca será apagado. Isto é uma grande esperança, mas por outro lado, o tempo que está quase apagando é muito triste, as visões se tornam muito raras.
Mas no tempo Samuel até Salomão, o povo de Israel tem um tempo muito glorioso, mas depois vem novamente a decadência, onde a visão se torna menos frequente. Depois de um período obscuro, novamente o Senhor restaura a visão aos cegos através dos reis Ezequias e principalmente de Josias (II Crôn. 34.17-21).
Podemos notar pela Palavra que novamente depois de um longo tempo, e depois de um cativeiro de 70 anos, o Senhor reacende a sua lâmpada novamente pelo escriba Esdras. O Senhor despertou o seu espírito para subir a Jerusalém e restaurar o templo (Esdras 1.5), e então novamente a candeia foi totalmente acesa; Deus preparou o coração de Esdras para primeiramente buscar e cumprir a lei do Senhor e depois para ensinar, trazendo com isto luz para todo o povo de Israel (Esd. 7.10, Nee. 8.8).
Depois disso passou um longo tempo novamente até que a candeia fosse reascendida por Cristo. Enquanto esteve no mundo Ele era a Luz (Jo. 9.5). Agora não mais um tipo ou figura de Cristo, mas o próprio Jesus, a Palavra Viva, o Verbo encarnado (Jo. 1.14). Depois no Pentecostes o Espírito deu um testemunho visível disso, através das línguas de fogo que pousaram sobre cada um deles, que agora a Luz estaria neles; que a Igreja seria agora a luz do mundo (Atos 2.3).
O texto que vimos acima de I Samuel 3.21 nos confirma de forma muito clara isto. Quem Samuel via? O Senhor se manifestando. E como o Senhor se manifestava a Samuel? Pela sua Palavra. O que Samuel viu, a palavra somente ou o Senhor? O Senhor claro, pela Sua Palavra.
A visão dada a Samuel trouxe a Davi, uma figura preciosa de Cristo. Toda visão de Deus nos leva a Cristo, e toda visão fora de Cristo é uma tentação de Satanás. Um testemunho disso é o cego de nascença de João 9. Ali o Senhor nos ensina o caminho de alguém a qual a visão é restaurada. Ela começa com o Senhor abrindo os nossos olhos, para no final nos fazer ver a Cristo, para que possamos adorá-lo em verdade.
O termo 'visão da igreja' se tornou algo comum entre alguns cristãos, mas para muitos esta 'visão' não está trazendo realidade. Isto porque a visão que temos que ter não é de algo, mas sim de uma Pessoa: Cristo. Muitos usam o testemunho de Paulo ao rei Agripa (At. 26.19), para citar que ele não foi rebelde à visão celestial, mas se referindo à visão como visão da igreja. A visão que ele teve não foi da igreja, mas de Cristo e depois da Igreja nEle.
Paulo não pregava a igreja, mas a Cristo. Ele seria infiel à visão se tivesse pregado a igreja. Os apóstolos também estiveram por três anos com Jesus, mas não o viram. Apenas depois da sua ressurreição é que tiveram os olhos abertos para vê-lo através das Escrituras (Luc. 24.44-45), e daí pregaram a Ele pelas Escrituras (At. 4.31-33 e 5.42).
Não podemos nos gloriar numa 'visão' que não traz a Vida. O inimigo é muito sutil nessas coisas. O Senhor nos ensina a olhar firmemente para Jesus, mas o inimigo nos diz para olharmos um pouquinho para a direita ou para a esquerda. Pronto, se dermos ouvidos a ele a visão ficará embotada. O que é olhar firmemente? Você pode dizer que está olhando firmemente se desviar os olhos um pouquinho? Certamente que não.
Por isso não creio que alguém possa ter alguma visão celestial fora da Pessoa de Cristo. O Senhor nunca começa pela edificação, mas pelo fundamento. E toda edificação também está determinada por Deus para iniciar à partir de uma pedra angular: Cristo (I Ped. 2.7-8 ). Para nós, os que cremos, ela é a preciosidade, mas para os que se dizem 'edificadores', ela é rejeitada. Claro, eles são falsos edificadores, porque quem edifica é Deus, é Cristo, e somente eles (Heb. 11.10; Mat. 16.18; Ef. 5.29).
Que o Senhor abra os olhos do nosso entendimento para que tenhamos uma visão real. Não de algo que está em Cristo, mas como o cego de nascença o Cristo para adorá-lo. E nEle, olhando firmemente para Ele, possamos ver tudo, desde a serpente levantada - que é a obra na cruz  (Jo. 3.14), até a sua Igreja gloriosa (Apoc. 21.10-11). Olhando para Ele seremos salvos (Isa. 45.22), seremos iluminados (Salmos 34.5).
O Senhor por sua misericórdia tornará as nossas trevas em luz, e as coisas tortas ele endireitará. Muitos cegos verão o Senhor e o adorarão em espírito e em verdade (Isa. 42.16-18). Ele disse, e o fará, mas não podemos nos esquecer das cinco virgens insensatas que estavam com as lâmpadas se apagando. Isto mostra que neste exato momento, há irmãos prudentes que estão olhando, conhecendo e prosseguindo no conhecimento dEle, e há outros que estão como cegos, infrutíferos no conhecimento dEle, vendo somente o que está perto.

Fonte: http://www.vida.emcristo.nom.br 

Uma Palavra aos Pais ( A. W. Pink )




Uma das mais infelizes e trágicas características de nossa civilização é a excessiva desobediência aos pais da parte dos filhos, quando menores, e a falta de reverência e respeito, quando grandes. Infelizmente, isto se evidencia de muitas maneiras inclusive em famílias cristãs.Em nossas abundantes viagens nestes últimos trinta anos, fomos recebidos em muitos lares. A piedade e a beleza de alguns deles ainda permanecem em nossos corações como agradáveis e singelas recordações. Outros lares, porém, nos transmitiram as mais dolorosas impressões. Os filhos obstinados ou mimados não apenas trazem para si mesmos perpétua infelicidade, mas também causam desconforto para todos que se relacionam com eles e prenunciam coisas ruins para os dias vindouros. Na maioria dos casos, os filhos são menos culpados do que seus pais. A falta de honra aos pais, onde quer que a achemos, deve-se, em grande medida, aos pais afastarem-se do padrão das Escrituras. Atualmente, o pai imagina que cumpre suas obrigações ao fornecer alimento e vestuário para os filhos e, ocasionalmente, ao agir como um tipo de policial de moralidade. Com muita freqüência, a mãe se contenta em desempenhar a função de uma criada doméstica, tornando-se escrava dos filhos, realizando várias tarefas que estes poderiam fazer, para deixá-los livres em atividades frívolas, ao invés de treiná-los a serem pessoas úteis. A conseqüência tem sido que o lar, o qual deveria ser, por causa de sua ordem, santidade e amor, uma miniatura do céu, degenerou-se em “um ponto de parada para o dia e um estacionamento para a noite”, conforme alguém sucintamente afirmou. Antes de esboçarmos os deveres dos pais em relação aos filhos, devemos ressaltar que eles não podem disciplinar adequadamente seus filhos, a menos que primeiramente tenham aprendido a governar a si mesmos. Como podem eles esperar que a obstinação de suas crianças sejam dominadas e controladas as manifestações de ira, se eles mesmos dão livre curso à seus próprios sentimentos. O caráter dos pais é amplamente reproduzido em seus descendentes. “Viveu Adão cento e trinta anos, e gerou um filho à sua semelhança, conforme a sua imagem” (Gn 5.3). Os pais devem eles mesmos viver em submissão a Deus, se desejam obediência da parte de seus filhos. Este princípio é enfatizado muitas e muitas vezes nas Escrituras. “Tu, pois, que ensinas a outrem, não te ensinas a ti mesmo?” (Rm 2.21). A respeito do pastor ou presbítero da igreja está escrito que ele tem de ser alguém “que governe bem a própria casa, criando os filhos sob disciplina, com todo o respeito (pois, se alguém não sabe governar a própria casa, como cuidará da igreja de Deus?)” (1 Tm 3.5). E, se um homem ou uma mulher não sabem como dominar seu próprio espírito (Pv 25.28), como poderão cuidar de seus filhos? Deus confiou aos pais um solene e valoroso privilégio. Não exageramos ao afirmar que em suas mãos estão depositadas a esperança e a bênção, ou a maldição e a ruína da próxima geração.Suas famílias são os berçários da Igreja e do Estado, e, de acordo com o que agora cultivam, tais serão os frutos que colherão posteriormente. Eles deveriam cumprir seu privilégio com bastante diligência e oração. Com certeza, Deus lhes pedirá contas referente à maneira de criarem seus filhos, que a Ele pertencem, sendo-lhes confiados para receberem cuidado e preservação. A tarefa que Deus confiou aos pais não é fácil, em especial nestes dias excessivamente maus. Entretanto, poderão obter a graça de Deus, se a buscarem com sinceridade e confiança. As Escrituras nos fornecem as regras pelas quais devemos viver, as promessas das quais temos de nos apropriar e, precisamos acrescentar, as terríveis advertências, para que não realizemos essa tarefa de maneira leviana.

 Instrua seu filho
 Queremos mencionar aqui quatro dos principais deveres confiados aos pais. Primeiro, instruir seus filhos. “Estas palavras que, hoje, te ordeno estarão no teu coração; tu as in- culcarás a teus filhos, e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e ao deitar-te, e ao levantar-te” (Dt 6.6-7). Este dever é sobremodo importante para ser transferido aos outros; Deus exige dos pais, e não dos professores da Escola Dominical, a responsabilidade de educarem seus filhos. Tampouco essa tarefa deve ser realizada de maneira esporádica ou ocasional, mas precisa receber constante atenção. O glorioso caráter de Deus, as exigências de sua lei, a excessiva malignidade do homem, o maravilhoso dom de seu Filho e a terrível condenação que será a recompensa de todos aqueles que O desprezam e rejeitam estas coisas precisam ser apresentadas constantemente aos filhos. “Eles são pequenos demais para entendê-las” é o argumento de Satanás, visando impedir os pais de cumprirem seu dever. “E vós, pais, não provoqueis vossos filhos à ira, mas criai-os na disciplina e na admoestação do Senhor” (Ef 6.4). Temos de observar que os “pais” são especificamente mencionados neste versículo, por duas razões: eles são os cabeças das famílias e o governo desta lhes foi confiado; os pais são inclinados a transferir sua responsabilidade às esposas. Essa instrução deve ser ministrada através da leitura da Bíblia e de explicar aos filhos as coisas adequadas à sua idade. Isto deveria ser acompanhado de ensinar-lhes um catecismo. Um constante falar aos mais novos não se mostra tão eficiente quanto a diversificação com perguntas e respostas. Se nossos filhos sabem que serão questionados após ou durante a leitura bíblica, ouvirão mais atentamente: fazer perguntas os ensina a pensarem por si mesmos. Este método também leva a memória a reter mais os ensinos, pois o responder perguntas definidas, fixa idéias específicas em nossas mentes. Observe quantas vezes Jesus fez perguntas aos seus discípulos. Seja 

um bom exemplo
 Segundo, boas instruções precisam ser acompanhadas de bons exemplos. O ensino proveniente apenas dos lábios provavelmente será ineficaz. Os filhos são espertíssimos em detectar inconsistências e rejeitar a hipocrisia. Neste aspecto, os pais precisam humilhar-se diante de Deus, buscando todos os dias a graça que desesperadamente necessitam e somente Ele pode dar. Que cuidado eles precisam ter, para que diante de suas crianças não digam e façam coisas que tendem a corromper suas mentes ou produzam más conseqüências, se elas as imitarem! Os pais necessitam estar constantemente alertas contra aquilo que pode torná-los desprezíveis aos olhos daqueles que deveriam respeitá-los e honrá-los. Não apenas devem instruir seus filhos no caminho da santidade, mas eles mesmos devem andar neste caminho, mostrando por sua prática e conduta quão agradável e proveitoso é ser orientado pela lei de Deus. No lar de pessoas crentes, o supremo alvo deve ser a piedade familiar honrar a Deus em todas as ocasiões , e as outras coisas, subordinadas a este alvo. Quanto à vida familiar, nem o esposo nem a esposa deve transferir para o outro toda a responsabilidade pelo aspecto espiritual da vida da família. A mãe com certeza tem a incumbência de suplementar os esforços do pai, pois os filhos desfrutam mais de sua companhia. Se existe a tendência de os pais serem muito rígidos e severos, as mães são propensas a serem muito brandas e clementes; portanto, têm de vigiar mais contra qualquer coisa que enfraquecerá a autoridade do pai. Quando este proibir alguma coisa, ela não deve consenti-la às crianças. É admirável observar que a exortação dada em Efésios 6.4 é precedida por “Enchei-vos do Espírito” (Ef 5.18); enquanto a exortação correspondente em Colossenses 3.21 é precedida por “habite, ricamente, em vós a palavra de Cristo” (v. 16), demonstrando que os pais não podem cumprir seus deveres, a menos que estejam cheios do Espírito Santo e da Palavra de Deus.

 Discipline seu filho 
 Terceiro, a instrução e o exemplo precisam ser reforçados mediante a correção e a disciplina. Antes de tudo, isto implica no exercício de autoridade a correta aplicação da lei divina. A respeito de Abraão, o pai dos fiéis, Deus afirmou: “Porque eu o escolhi para que ordene a seus filhos e a sua casa depois dele, a fim de que guardem o caminho do SENHOR e pratiquem a justiça e o juízo; para que o SENHOR faça vir sobre Abraão o que tem falado a seu respeito” (Gn 18.19). Pais crentes, meditem nestas palavras com cuidado. Abraão fez mais do que simplesmente dar conselhos: ele ensinou com vigor a lei de Deus e ordenou sua casa. As regras com que ele administrou seu lar tinham o objetivo de seus filhos guardarem “o caminho do SENHOR” aquilo que era correto aos olhos de Deus. Este dever foi cumprido pelo patriarca a fim de que a bênção de Deus estivesse sobre sua família. Nenhuma família pode crescer adequadamente sem leis familiares, que incluem recompensas e castigos. Isto é especialmente importante na primeira infância, quando ainda o caráter moral não está formado e as crianças não apreciam ou entendem seus motivos morais. As regras devem ser simples, claras, lógicas e flexíveis, tais como os Dez Mandamentos poucas mas relevantes regras morais, ao invés de centenas de restrições insignificantes. Uma das maneiras de provocarmos desnecessariamente nossos filhos à ira é atrapalhá-los com muitas restrições insignificantes e regras detalhadas e arbitrárias, procedentes de pais perfeccionistas. É de vital importância para o bom futuro dos filhos que estes sejam trazidos em submissão desde cedo. Uma criança malcriada representa um adulto ímpio nossas prisões estão superlotadas com pessoas que tiveram a liberdade de seguirem seus próprios caminhos durante sua infância. A mais leve ofensa de uma criança quebrando as regras do lar não deve ficar sem a devida correção; pois, se ela achar clemência ao transgredir uma regra, esperará a mesma clemência em relação a outras ofensas, e sua desobediência se tornará mais freqüente, até que os pais não tenham mais controle, exceto através do exercício de força brutal. O ensino das Escrituras é claro quanto a este assunto. “A estultícia está ligada ao coração da criança, mas a vara da disciplina a afastará dela” (Pv 22.15; ver também 23.13- 14). Por isso, Deus afirmou: “O que retém a vara aborrece a seu filho, mas o que o ama, cedo, o disciplina” (Pv 13.24). E, ainda: “Castiga a teu filho, enquanto há esperança, mas não te excedas a ponto de matá-lo” (Pv 19.18). Não permita que uma afeição insensata o impeça de cumprir seu dever. Com certeza, Deus ama seus filhos com um sentimento paternal mais profundo do que você ama seus filhos, mas Ele nos diz: “Eu repreendo e disciplino a quantos amo” (Ap 3.19; cf. Hb 12.6). “A vara e a disciplina dão sabedoria, mas a criança entregue a si mesma vem a envergonhar a sua mãe” (Pv 29.15). A severidade tem de ser utilizada nos primeiros anos de uma criança, antes que a idade e a obstinação endureçam-na contra o temor e a pungência da correção. Poupe a vara e você arruinará seu filho; não a utilize e terá de sofrer as conseqüências. É quase desnecessário salientar que as Escrituras citadas anteriormente não têm o propósito de incutir- nos a idéia de que nosso lar deve ser caracterizado por um reino de terror. Os filhos podem ser governados e disciplinados de tal maneira, que não percam o respeito e as afeições por seus pais. Estejamos atentos para não estragarmos seus temperamentos, por fazermos exigências ilógicas, e provocá-los à ira, por castigá-los expressando nossa própria ira. O pai têm de punir um filho desobediente não porque ficou bravo, e sim porque é correto fazer isso Deus o exige, bem como a rebeldia de seu filho. Nunca faça uma ameaça, se não tenciona cumpri-la. Lembre que estar bem informado é bom para seu filho, mas ser bem controlado é ainda melhor. Esteja atento às inconscientes influências que cercam seu filho. Estude meios para tornar seu lar atraente, não pela utilização de recursos carnais e mundanos, mas por servir-se de ideais nobres, por incutir- lhes um espírito de altruísmo e desenvolver uma comunhão agradável e feliz. Não permita que seus filhos se associem a más companhias. Verifique cautelosamente as revistas e livros que entram em seu lar, observe os amigos que ocasionalmente seus filhos convidam para vir ao lar e as amizades que eles estabelecem. Antes mesmo de o reconhecerem, muitos pais permitem seus filhos relacionarem-se com pessoas que arruinam a autoridade paternal, transtornam seus ideais e semeiam frivolidade e pecado.

 Ore por seus filhos  
Quarto, o último e mais importante dever, no que se refere ao bem-estar físico eespiritual de seus filhos, é a intensa súplica a Deus em favor deles. Sem isto, todos os outros deveres são ineficazes. Os meios são inúteis, exceto quando o Senhor os abençoa. O trono da graça tem de ser fervorosamente buscado, para que sejam coroados de sucesso os nossos esforços em educar os filhos para a glória de Deus. É verdade que precisa haver uma humilde submissão à soberana vontade de Deus, um prostrar-se ante a verdade da eleição. Por outro lado, o privilégio da fé consiste em apropriar-se das promessas divinas e em recordar que a ardente e eficaz oração de um justo produz muitos resultados. A Bíblia nos diz que o piedoso Jó “chamava... a seus filhos e os santificava; levantava-se de madrugada e oferecia holocaustos segundo o número de todos eles” (Jó 1.5). Uma atmosfera de oração deve permear o lar e ser respirada por todos os que dele compartilham.

 (Extraído do Site Biblioteca Reformada ARPAV/FITRef http://geocities.com/arpav/biblioteca/

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