Como vimos
anteriormente, o Senhor nos faz primeiramente retornar à Sua Palavra,
mas de que adianta
as Escrituras se não houver visão espiritual? Como diz Paulo em II
Coríntios 3.15, até o dia de hoje ela é lida, mas um véu está
colocado sobre o coração deles. A Palavra de Deus pode ser lida, mas se
o Senhor não abrir os olhos dos cegos, como disse na sinagoga da Galiléia
lendo o livro de Isaías, eles iriam permanecer como estavam (Lucas 4.18).
Depois que o povo de Israel
entrou na terra prometida, continuou gozando da mão poderosa e graciosa do Senhor. O Senhor fez
com que tudo que tinha dado a Israel fosse escrito, para que eles
tivessem cuidado de fazer tudo conforme estava escrito, e então fariam
prosperar o seu caminho, e seriam bem sucedidos (Jos. 1.8). Mas com o
tempo a visão ia se desvanecendo; não por causa do Senhor, mas por eles
mesmos, e as Escrituras se tornavam apenas letra
novamente.
Mas o tempo foi passando e chegou um
tempo, no tempo do profeta Eli, que a visão se tornara muita rara (I
Sam. 3.1). Eles tinham as Escrituras que era lida de tempo em tempo, mas
a visão era muita rara. Contudo a lâmpada do Senhor nunca se apaga (I
Sam. 3.3). Deus então levantou Samuel, e então a visão foi
restaurada: "E
continuou o Senhor a aparecer em Siló; porquanto o Senhor se manifestava
a Samuel em Siló pela palavra do Senhor"
I Samuel 3.21.
A tendência natural não é que
as Escrituras sejam esquecidas, mas que a visão seja
ofuscada. A lâmpada, a candeia que alumia no lugar
escuro não esteja completamente acesa (II Ped. 1.19). O apóstolo Paulo também nos
adverte isto em I Tessalonicenses 5.19, quando diz: "Não apagueis o
Espírito". A letra sem o Espírito é uma candeia sem luz.
Mas a promessa do Senhor é que
o pavil que fumega nunca será apagado. Isto é uma grande esperança, mas
por outro lado, o tempo que está quase apagando é muito triste, as
visões se tornam muito raras.
Mas no tempo Samuel até
Salomão,
o povo de Israel tem um tempo muito glorioso, mas depois vem novamente
a
decadência, onde a visão se torna menos frequente. Depois de um
período
obscuro, novamente o Senhor restaura a visão aos cegos através dos
reis Ezequias e principalmente de Josias (II Crôn. 34.17-21).
Podemos notar pela Palavra que
novamente depois de um longo tempo, e depois de um cativeiro de 70 anos,
o Senhor reacende a sua lâmpada novamente pelo escriba Esdras. O Senhor
despertou o seu espírito para subir a Jerusalém e restaurar o templo
(Esdras 1.5), e então novamente a candeia foi totalmente acesa; Deus
preparou o
coração de Esdras para primeiramente buscar e cumprir a lei do Senhor e depois
para ensinar, trazendo com isto luz para todo o povo de Israel (Esd.
7.10, Nee. 8.8).
Depois disso passou um longo
tempo novamente até que a candeia fosse reascendida por Cristo.
Enquanto
esteve no mundo Ele era a Luz (Jo. 9.5). Agora não mais um tipo ou
figura de Cristo, mas o próprio Jesus, a Palavra Viva, o Verbo
encarnado
(Jo. 1.14). Depois no Pentecostes o Espírito deu um testemunho visível
disso, através das línguas de fogo que pousaram sobre cada um deles,
que agora a Luz estaria neles; que a Igreja seria agora a luz do
mundo (Atos 2.3).
O texto que vimos acima de I
Samuel 3.21 nos confirma de forma muito clara isto. Quem Samuel via? O
Senhor se manifestando. E como o Senhor se manifestava a Samuel? Pela
sua Palavra. O que Samuel viu, a palavra somente ou o Senhor? O Senhor
claro, pela Sua Palavra.
A visão dada a Samuel trouxe a
Davi, uma figura preciosa de Cristo. Toda visão de Deus nos leva a
Cristo, e toda visão fora de Cristo é uma tentação de Satanás. Um
testemunho disso é o cego de nascença de João 9. Ali o Senhor nos ensina
o caminho de alguém a qual a visão é restaurada. Ela começa com o Senhor
abrindo os nossos olhos, para no final nos fazer ver a Cristo, para que
possamos adorá-lo em verdade.
O termo 'visão da igreja' se
tornou algo comum entre alguns cristãos, mas para muitos esta
'visão' não está trazendo realidade. Isto porque a visão que temos que ter
não é de algo, mas sim de uma Pessoa: Cristo. Muitos usam o testemunho
de Paulo ao rei Agripa (At. 26.19), para citar que ele não foi rebelde à
visão celestial, mas se referindo à visão como visão da igreja. A visão
que ele teve não foi da igreja, mas de Cristo e depois da Igreja nEle.
Paulo não pregava a igreja,
mas a Cristo. Ele seria infiel à visão se tivesse pregado a igreja. Os
apóstolos também estiveram por três anos com Jesus, mas não o viram.
Apenas depois da sua ressurreição é que tiveram os olhos abertos para
vê-lo através das Escrituras (Luc. 24.44-45), e daí pregaram a Ele pelas
Escrituras (At. 4.31-33 e 5.42).
Não podemos nos gloriar numa 'visão' que não traz
a Vida. O inimigo é muito sutil
nessas coisas. O Senhor nos ensina a olhar firmemente para Jesus, mas o
inimigo nos diz para olharmos um pouquinho para a direita ou para a
esquerda. Pronto, se dermos ouvidos a ele a visão ficará embotada. O que
é olhar firmemente? Você pode dizer que está olhando firmemente se
desviar os olhos um pouquinho? Certamente que não.
Por isso não creio que alguém
possa ter alguma visão celestial fora da Pessoa de Cristo. O Senhor
nunca começa pela edificação, mas pelo fundamento. E toda edificação
também está determinada por Deus para iniciar à partir de uma pedra
angular: Cristo (I Ped. 2.7-8 ). Para nós, os que cremos, ela é a
preciosidade, mas para os que se dizem 'edificadores', ela é rejeitada.
Claro, eles são falsos edificadores, porque quem edifica é Deus, é
Cristo, e somente eles (Heb. 11.10; Mat. 16.18; Ef. 5.29).
Que o Senhor abra os olhos do
nosso entendimento para que tenhamos uma visão real. Não de algo que
está em Cristo, mas como o cego de nascença o Cristo para adorá-lo. E
nEle, olhando firmemente para Ele, possamos ver tudo, desde a serpente
levantada - que é a obra na cruz (Jo. 3.14), até a sua Igreja gloriosa (Apoc. 21.10-11).
Olhando para Ele seremos salvos (Isa. 45.22), seremos
iluminados (Salmos 34.5).
O Senhor por sua misericórdia
tornará as nossas trevas em luz, e as coisas tortas ele endireitará.
Muitos cegos verão o Senhor e o adorarão em espírito e em verdade (Isa.
42.16-18). Ele disse, e o fará, mas não podemos nos esquecer das cinco virgens insensatas
que estavam
com as lâmpadas se apagando. Isto mostra que neste exato momento, há
irmãos prudentes que estão olhando, conhecendo e prosseguindo no
conhecimento dEle, e há outros que estão como cegos, infrutíferos no
conhecimento dEle, vendo somente o que está perto.
Fonte: http://www.vida.emcristo.nom.br