novembro 02, 2021

A Bíblia do Mundo

 



A Bíblia do Mundo

Por J. Harold Smith (1910-2001) 

O cristão é a “Bíblia do mundo”, a única que é lida por grande parte da população. Nossas vidas estão abertas para o mundo. Para cada pessoa que lê a Bíblia, 100 leem a vida dos cristãos. As pessoas do mundo conseguem contestar uma teologia fria e sem coração. Podem negar a lógica da verdade, mas não terão resposta para a vida de Cristo em nós, “uma epístola viva”.

Paulo escreveu em 2 Coríntios 3.2: “Vós sois a nossa carta, escrita em nosso coração, conhecida e lida por todos os homens”. No versículo seguinte ele escreveu: “estando já manifestos como carta de Cristo...” (v.3).

O pensamento aqui é que cada cristão, vivendo uma nova vida, expressa uma nova revelação da verdade e do poder do Evangelho – uma carta enviada ao mundo para testificar de Cristo.

O argumento mais forte a favor da verdade do cristianismo é uma vida cheia do Espírito. A melhor maneira de fazer os homens acreditarem em milagres é exibir o milagre da regeneração e do seu poder em nossas vidas. A melhor prova da ressurreição de Cristo é quando um cristão vive de fato a vida ressurreta.

Vivendo a vida de Cristo

O amor que emana de uma vida regenerada é visível. Produz uma carta que é conhecida e lida por todos os homens. É um poder que pode ser visto nos resultados que produz neste mundo tão decaído.

É o amor de Deus derramado no coração pelo Espírito Santo que nos foi dado que escreveu todas as páginas brilhantes da história no passado. Incorporado na vida do cristão, é algo que não pode ser escondido. Foi o amor que Cristo derramou sobre o apóstolo Paulo que o constrangeu a viver uma vida de tanta dedicação, sacrifício e sofrimento que a hostilidade dos inimigos da fé nunca foi capaz de explicar.

Que tipo de “Bíblia” o mundo lê em nós?

A “carta viva” não requer tradução para ser entendida em todos os países e climas. A vida de Cristo, humilde, santa, gentil consegue pregar uma mensagem capaz de ser ouvida em qualquer lugar no mundo por qualquer tipo de pessoa. O discurso mais eloquente e elaborado sobre salvação, santificação, separação e serviço é insípido e ineficaz em comparação com a eloquência de uma caminhada humilde e santa diante de Deus. Que comparação há entre uma descrição qualquer do cristianismo no papel e uma carta viva que todos conseguem ler?

A luz de uma vida cristã sem egoísmo não pode ser escondida. Não precisa de propaganda em outdoor. Aprendemos em Atos 4.13 que muito antes de Pedro e João escreverem suas cartas apostólicas, as autoridades judaicas “reconheceram que haviam eles estado com Jesus”. Eles não podiam fechar os olhos para o fato. Eram as cartas de Cristo que os escribas e fariseus não conseguiram deixar de ler. Os inimigos do Evangelho estavam atordoados, pois não tinham resposta alguma para dar aos apóstolos.

Se fôssemos tão fiéis quanto os apóstolos, todos os que tivessem contato conosco nas relações sociais, políticas ou comerciais seriam compelidos a ver em nós algo da confiança e do poder do Evangelho. Não em tábuas de pedra, mas nas tábuas de carne do coração.

Que tipo de Bíblia você, querido amigo, consegue ver em mim? Você vê uma Bíblia suja? Você vê uma Bíblia cheia de erros e mentiras? Você vê uma Bíblia hipócrita?

Você vê em minha vida, ouve em minha vida e contempla na minha vida a verdade da santa Palavra de Deus? Estou vivendo como uma carta viva o que Deus escreveu e revelou em seu Livro, a Bíblia Sagrada?

Que Deus ajude a todos nestes dias sombrios, que realmente acredito serem os últimos dias, a fim de que sejamos verdadeiras cartas, lidas por todos os homens! Que aquilo que o pecador vê em nós não seja uma pedra de tropeço, sobre a qual ele venha a cair! Que Deus nos ajude
 a ser cartas que indiquem com clareza o caminho a Cristo!




 

outubro 18, 2020

Enciclopédia de Temas Bíblicos - Gleason L. Archer

 


Respostas às principais dúvidas, dificuldades e “contradições” da Bíblia.
O cristianismo é constantemente desafiado não apenas por pessoas, mas também por várias crenças que contrariam diversos preceitos bíblicos. Infelizmente, nem sempre os cristãos estão preparados para responder às questões mais difíceis, algumas aparentemente insolúveis. De fato, muitas dúvidas que parecem comprometer a veracidade das Escrituras só podem ser esclarecidas com o auxílio da teologia, da história e do conhecimento das línguas originais. No entanto, se o domínio simultâneo de várias áreas parece ser inatingível para a maioria das pessoas, Deus sempre levantou alguns servos para se dedicar de corpo e alma ao estudo mais profundo da Palavra de Deus. É o caso do dr. Gleason Archer. Considerado um dos grandes apologistas de nossa época, ele reuniu diversos temas considerados “complicados” e usou seu profundo conhecimento para fornecer respostas claras e bem fundamentadas aos que crêem na Bíblia e até mesmo aos que desconfiam dela.
Totalmente revisada, a Enciclopédia de temas bíblicos responde a questões como:
• Qual a explicação científica para o dia mais longo que está registrado no livro de Josué?
• O texto de 1 Timóteo 2.12 proíbe a ordenação de mulheres ao ministério?
• Um crente corre o risco de perder a salvação?
• Existe oportunidade de salvação após a morte?
• Jesus poderia ter cedido à tentação e cometido pecados?
Gleason L. Archer é professor emérito da Trinity Evangelical Divinity School em Deerfield, Illinois, nos Estados Unidos. Profundo conhecedor das línguas originais da Bíblia, é fluente em outros 26 idiomas, entre eles o latim, o árabe e o siríaco.

 

agosto 02, 2020

junho 29, 2020

COMO LIDAR COM DIFICULDADES BÍBLICAS

“Se estamos perplexos por causa de qualquer aparente contradição nas Escrituras, não nos é permitido dizer que o autor desse livro tenha errado; mas, ou o manuscrito utilizado tinha falhas, ou a tradução está errada, ou não entendemos o que está escrito”

Santo Agostinho

Um certo dia, quando ainda era um adolescente, estava casualmente conversando com um irmão e fiz o seguinte comentário: “Saul não obedeceu ao Senhor deixando de eliminar a todos os amalequitas , conforme por Ele ordenado (1Sm. 15:1-3) e, como consequência, não só foi rejeitado por Deus como também foi assassinado por um amalequita no campo de batalha (2Sm. 1:1-10)”. O irmão, logo em seguida, disse: “deixe-me te mostrar uma contradição na Bíblia. O relato em 1Samuel diz que o rei Saul cometeu suicídio, lançando-se sobre sua própria espada (1Sm. 31:4-6), enquanto 2Samuel capítulo 1 registra que ele foi morto por um amalequita, o qual, inclusive, foi executado por Davi com base em sua própria confissão de assassinato. Qual dos relatos é correto?” Não tive resposta, naquele momento, e o irmão, por sua vez, sorriu e encerrou a conversa. Estaria a Bíblia cheia de contradições, erros e equívocos históricos, narrativos ou doutrinários? Tive que conviver com esses questionamentos por muito tempo até que conheci a apologética cristã. De forma bem simples, apologética significa defesa e, no caso em questão, defesa da fé cristã (1Pe 3:15)1. A apologética é muito ampla em sua abordagem tratando de assuntos como a existência de Deus, a confiabilidade das Escrituras, a veracidade histórica da ressurreição de Cristo, ética cristã (como lidar com questões éticas como o aborto, homossexualismo, feminismo, ideologia de gênero, ambientalismo, pobreza, dentre outros), as seitas e heresias (campo denominado heresiologia), entre muitos outros assuntos. Vivemos tempos difíceis, dominados pelo relativismo moral, pluralismo e sincretismo religiosos, liberalismo e misticismo teológicos e engano espiritual de todo gênero e espécie. Deus e Sua Palavra nunca foram tão questionados, menosprezados e desafiados por homens com corações insensatos e endurecidos pelo engano.

Mas Deus, ao longo dos séculos, tem levantado homens revestidos e investidos com sabedoria do Alto, hábeis em apresentar a fé cristã não apenas de forma racional e precisa, mas como sendo fiel e digna de inteira aceitação Sem dúvida um dos nomes mais notáveis da apologética cristã da atualidade foi Norman Geisler2, com centenas de publicações, livros e palestras sobre apologética cristã. Assim como pode ser dito a respeito de Ravi Zacharias3, sua contribuição nessa área para o cristianismo é incalculável e somente a eternidade poderá recompensá-lo. Honremos a homens como estes (Fp. 2:29), dos quais o mundo não era digno (Hb. 11:38). Foi justamente por intermédio do ministério apologético de N. Geisler que a quase totalidade de minhas dificuldades bíblicas foram superadas e minha fé fortalecida na infalibilidade da Palavra de Deus, pois um dos temas mais trabalhados pela apologética é o das contradições bíblicas (quando aborda a historicidade, confiabilidade, inspiração e inerrância das Escrituras). E é meu propósito nesse texto apresentar algumas considerações feitas por Norman Geisler, em sua Bíblia de Estudos (perguntas e respostas) , quando lidamos com dificuldades bíblicas. Primeiro e antes de tudo, é preciso trabalhar com o seguinte pressuposto: não há erros na Bíblia. O silogismo lógico é simples: (1) Deus não pode errar (Hb. 6:18; Tt. 1:2; 2Tm. 2:13; Jo 14:6; 17:17 Sl. 119:160); (2) a Bíblia é a Palavra de Deus (Jo 10:35; Mt. 4:4; 5:18; 2Tm. 3:16; 2Pe 1:21; Mc. 7:13; Rm. 9:6; Hb. 4:12); (3) portanto, a Bíblia está isenta de erros. A inspiração divina é prova inquestionável de sua inerrância. Inobstante não haja erros na Bíblia, há, sem dúvida, dificuldades (como a que apresentei no início do texto), que são aparentes contradições, ou seja, não são contradições reais ou verdadeiras. E como lidamos com esse tipo de dificuldade bíblica? Ignorar não é opção. Na verdade, antes mesmo de tentar solucionar dificuldades bíblicas, precisamos remover os véus que estão sobre o nosso entendimento, obscurecido pelo pecado, lidando especificamente com os seguintes equívocos/erros que invariavelmente

cometemos quando nos aproximamos da Bíblia, conforme apresentado por N. Geisler (vou apenas citá-los, sem tecer comentários)4: 1. Presumir que o que não foi explicado seja inexplicável. 2. Presumir que a Bíblia é culpada (contém erros), até que se prove em contrário; 3. Confundir as nossas falíveis interpretações com a infalível revelação de Deus; 4. Falhar na compreensão do contexto da passagem; 5. Deixar de interpretar passagens difíceis à luz das que são claras; 6. Basear um ensino/doutrina numa passagem obscura; 7. Esquecer-se de que a Bíblia é um livro humano, com características humanas (possui fontes humanas, estilos literários humanos, perspectivas humanas, padrões humanos de pensamentos, emoções humanas, interesses humanos específicos); 8. Presumir que um relato parcial seja um relato falso; 9. Exigir que as citações do Antigo Testamento feitas no Novo Testamento sejam sempre exatas (um mesmo significado pode ser transmitido sem o uso das mesmas expressões verbais ); 10. Presumir que diferentes narrações sejam falsas (testemunhos que diferem em pontos periféricos se complementam e confirmam a verdade central da narrativa, como nos Evangelhos); 11. Presumir que a Bíblia aprova tudo que ela registra (a verdade na Bíblia encontra-se em tudo o que ela revela , não em tudo o que ela registra , v.g. , a idolatria da nação de Israel); 12. Esquecer-se que a Bíblia faz uso de uma linguagem comum, não técnica ou científica; 13. Considerar que números arredondados sejam errados (consequência do uso do linguajar comum); 14. Não observar que a Bíblia faz uso de diferentes recursos literários (narrativas, poesias, profecia, parábola, alegorias, metáforas, dentre outros); 15. Esquecer de que somente o texto original é isento de erros e não as cópias (apesar de que os erros dos escribas nos manuscritos bíblicos não afetam a mensagem básica e central da Bíblia); 16. Confundir afirmações gerais com universais (princípios bíblicos gerais admitem exceções); e 17. Esquecer-se de que uma revelação posterior sobrepõe-se a uma anterior (revelação progressiva).

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1 “Antes, santificai ao Senhor Deus em vossos corações; e estai sempre preparados para responder com mansidão e temor a qualquer que vos pedir a razão da esperança que há em vós” (1 Pedro 3:15, ACF). Gostaria de recomendar alguns livros de apologética que já tive a oportunidade de ler: (1) Cristianismo puro e simples , de C.S. Lewis [simplesmente um clássico da apologética cristã]; (2) Em Guarda: defenda a fé cristã com razão e precisão, de William Lane Craig [um dos maiores apologistas vivos da atualidade]; (3) A fé na era do ceticismo: como a razão explica Deus , de Tim Keller [pastor presbiteriano norte-americano e um dos mais profundos e profícuos expositores das Escrituras, que conheço]; (4) Apologética pura e simples , de Alister McGrat.

2 Norman Geisler dormiu no Senhor em 01º de julho de 2019. Para mais informações, vide: https://pt.wikipedia.org/wiki/Norman_Geisler. Recomendo muito a leitura do livro Não tenho fé suficiente para ser ateu , do N. Geisler em coautoria com Frank Turek. Livro de leitura muito objetiva, clara e convincente. Caso você deseje optar por um único livro de apologética (por questão de interesse pessoal, tempo ou orientação do Senhor), eu indicaria esse.

3 Ravi Zacharias dormiu no Senhor em 19 de maio de 2020. Para mais informações, vide: https://pt.wikipedia.org/wiki/Ravi_Zacharias.

4 Para um aprofundamento de cada tópico, recomendo a já mencionada Bíblia de Estudos (Pergunta e Respostas) e/ou o Manual Popular – Dúvidas, Enigmas e Contradições da Bíblia , ambos de N. Geisler.

 Acredito que essas orientações sejam úteis no sentido de nos equipar melhor para compreender e lidar com algumas dificuldades bíblicas. Obviamente, nem tudo será respondido (e aí voltamos à máxima do it e m 01 ), mas muito poderá ser satisfatoriamente esclarecido ou explicado. Alguém já disse: “lendo a Bíblia eu encontrei muitos erros, todos eles em mim.” O homem se esforça em encontrar erros na Bíblia porque, como já disse Charles Spurgeon, “a Bíblia contém o que os homens odeiam: a verdade”. E a verdade é a luz que expõe as trevas, erros e enganos de um coração rebelde e idólatra. Portanto, encerro com um convite: que sejamos como o profeta Jeremias que declarou “achadas as Tuas palavras, logo as comi; as Tuas palavras me foram gozo e alegria para o coração...” (Jr. 15:16), clamando sempre ao Pai por espírito de sabedoria e revelação (Ef. 1:17), quando nos aproximamos da Palavra de Cristo, que deve habitar ricamente em nós (Cl. 3:16). Ah, e quanto à morte de Saul, fica como dever de casa.

Em Cristo,

Ercolis Santos Aracaju,

junho de 2020.

maio 28, 2020

maio 13, 2020

Notas Sobre o Pentateuco - Estudos Sobre o Livro de Levítico - C. H. Mackintosh

 
Os estudos sobre o livro de Levítico tratam dos requisitos para se chegar a Deus: um sacrifício, um sacerdote e o lugar de adoração, que é o altar. Temos tudo isso - e em perfeição - na pessoa e na obra de Cristo. Ele é o fundamento, o objeto e o aroma agradável de toda a nossa adoração!

A Série de Notas Sobre o Pentateuco apresenta a Pessoa e a obra do Senhor Jesus em uma parte da Bíblia que o leitor não imaginava encontrá-las. Você verá, através de um texto de fácil compreensão, que as figuras do Antigo Testamento se consumam no Novo Testamento.

abril 19, 2020

A RESTAURAÇÃO DE DEUS PARTE IV - O ALTAR

Como vimos anteriormente, o Senhor nos faz primeiramente retornar à Sua Palavra, depois reacende a sua lâmpada trazendo visão espiritual, mas com o propósito de que Cristo tenha toda a preeminência. Ele é antes de todas as coisas, e tudo subsiste por Ele. O Alfa e o Ômega, o princípio e o fim de tudo. E como também vimos, toda restauração de Deus começa pelo seu Filho, porque Ele é o testemunho de Deus.
Como também já citamos, irmãos preciosos tem exaustivamente falado pelo Espírito, usando os livros de Esdras e Neemias para ensinar a Igreja sobre a restauração do testemunho do Senhor. Mas como o orvalho de Hermon que desce a cada manhã sobre os montes de Sião, e o maná que é dado a cada dia também pela manhã, que o Espírito traga um frescor e um novo alimento para a Igreja de Jesus Cristo; o qual esperamos que Ele o faça em Nome de Jesus. As torrentes do rio Jordão começam com o orvalho que desce do Hermon, e o pão nosso de cada dia, que desce dos céus, se torna doce em nosso ventre.
O Senhor antes de fazer a obra da criação realizou um grande projeto a partir do seu Filho Jesus (Heb. 11.10). Ele é o arquiteto e edificador dessa obra, e sempre que o homem se desvia desse projeto, desse propósito eterno de Deus em Cristo, Ele o faz voltar. Lembrando que todo desvio é de Cristo e para Ele temos que retornar, porque todo o prazer do Pai está nEle e toda a sua vontade será satisfeita. O que todos devemos temer, é que mesmo que este projeto já esteja acabado desde antes da fundação do mundo, Ele pode dizer em qualquer tempo na sua ira: "Não entrarão no meu descanso" Hebreus 4.3.
Olhando para este projeto, para este propósito eterno, vemos então, depois dos 70 anos do cativeiro na Babilônia, Deus restaurando a Sua Palavra que insistentemente foi enviada ao seu povo e desprezada, quando ainda estavam em Israel (II Cron. 36.15-16). Então Deus abriu os olhos de Daniel para ver pelas Escrituras que os 70 anos determinados ao povo de Israel tinha se cumprido (Dan. 9.2). Daniel então, apesar de não retornar a Jerusalém, teve a visão que Deus iria restaurar o templo de Israel, fazendo o seu povo retornar para a terra, e orou pelo povo.
Que coisa bendita é a oração segundo a vontade de Deus! Deus nunca se esquece da sua promessa. Mesmo diante da incredulidade e desprezo do homem, Ele sempre faz uma promessa, sempre jura por si mesmo (Heb. 6.13-18). Daí traz a luz à Sua Palavra aos remanescentes, para que estes unidos ao Seu coração possam orar e serem cooperadores na sua obra.
Assim Deus fez, não com todos a princípio, mas com os remanescentes, pois na restauração, eles sempre são os que cooperam com o Senhor. Deus então estimula os seus espíritos para subirem a Jerusalém para restaurar o templo (Esd. 1.5). A restauração é como um despertar de um sono para os remanescentes (II Cron. 36.22-23, Esd. 1.1).
É claro e notório que Deus tem feito uma restauração preciosa do seu testemunho em todo o mundo, e que muitos tem tido a graça de serem participantes; vendo a princípio, clamando e caminhando em cada ponto. Não usa a todos porque Deus segue o seu padrão como podemos ver na restauração do templo, mas o seu coração, apesar de usar os seus remanescentes, é para todos. Ainda que inicie com os apóstolos, profetas, mestres e santos aperfeiçoados, Ele deseja que todos cheguem (Ef. 4.13). Só não poderão entrar os que não crerem (Heb. 3.19).
Como Deus segue o seu projeto, o seu desenho inicial, a restauração do templo de Israel traz traços muito preciosos para nós olharmos como segue a restauração que Deus tem feito. O Senhor envia a Sua Palavra, traz a visão e a primeira coisa que restabelece é a primazia, a preeminência da Pessoa de Cristo. E isto vemos claramente na restauração do altar, depois dos alicerces, depois do muro e das portas, porque o templo ou o edifício somos nós, a Casa espiritual, a Sua Igreja.
A obra de restauração também requer paciência, não por causa de Deus, mas por causa da fraqueza do homem e dos combates do inimigo, o qual o Senhor deixa para que o seu povo conheça que Ele é o Senhor, e que goze de todas as vitórias alcançadas por Cristo. O Senhor deixa o inimigo para exercitar o seu povo (Jz. 3.1-2), tão somente para que por Cristo também sejam mais do que vencedores.
Desde que começaram a restaurar houve muitas interrupções, o que fez com que a obra estivesse acabada somente em 46 anos (Jo. 2.20). Com Davi e Salomão, como com Jesus, a obra de construção foi rápida, mas a restauração sempre demora mais. Para terminar são necessárias 2 gerações; uma que restaura o altar e os alicerces, e outra que restaura os muros com as suas portas.
A ordem deveria ser inversa, pois seria necessário restaurar os muros com as suas portas e depois o altar, mas vemos que Deus sempre inicia pelo seu Filho, e através do seu sacrifício. Lembremos que antes de Deus criar os céus e a terra, o seu altar foi a primeira coisa a ser levantado, pois o Cordeiro já tinha sido imolado, e o sangue já tinha sido derramado (Apoc. 13.8).
O altar é a primeira coisa a ser levantado e também a ser restaurado, porque o altar representa a Cristo e sua obra sacrificial na cruz. O homem ficou em inimizade contra Deus por causa da queda de Adão, e separado da vida de Deus (Ef. 4.18). Separado da vida de Deus e destituído da sua glória (Rom. 3.23), como filhos da ira (Ef. 2.3).
Para tornarmos a viver com Deus é necessário primeiro uma reconciliação, e ela só pode ser alcançada pela morte. Os pecados só são justificados com o sacrifício de um inocente, e o pecador com a morte (Isa. 22.14; Rom. 6.7). Portanto, é necessário que o pecador, ainda que seja colocado um substituto para o sacrifício, se identifique com aquele que está sendo oferecido em sacrifício. Abel ofereceu um melhor sacrifício, ele viu o Cordeiro de Deus ali, Cristo sendo sacrificado, como também se viu morrendo juntamente com Ele. Quando Deus justifica não vê a morte do substituto somente, mas do pecador também.
Cristo é o cordeiro que foi sacrificado, mas Ele também é o altar. Qualquer homem só pode viver com Deus se for incluído ali. Por isso Deus não aceitou a Caim e a sua oferta. Ele não viu necessidade de se reconciliar com Deus, portanto ele só pensou no sacrifício e não no altar. Pensou que poderia ser aceito como um pecador. Ele não viu necessidade se uma morte e de justificação.
Quando as Escrituras relatam que homens no passado levantaram altares ao Senhor, nos revela que eles estavam se entregando ao Senhor - o altar é testemunho disso - como sacrifício pelo pecado, para que em Cristo tivessem Vida.
Portanto, a restauração do altar restaura a vida do homem com Deus, tanto no que diz respeito à reconciliação quanto à vida espiritual a seguir. Com Deus e com a Igreja, pois a realidade da Igreja são homens e mulheres justificados pela fé, que agora também oferecem os seus corpos como um sacrifício vivo, santo e agradável a Deus. De homens e mulheres cristãos que foram perdoados, justificados e que agora se consideram mortos para o pecado e vivos para Deus em Cristo Jesus (Rom. 6.11). Quando o altar é restaurado toda a comunhão com o Pai, com o Filho, e uns com os outros também é restaurada.
Todas as coisas a serem restauradas por Deus dizem respeito ao seu Filho, por isso a restauração é do testemunho de Deus, que de seu Filho testificou (I Jo. 5.9), e o altar é a primeira representação dEle. Na figura do altar, como a primeira coisa a ser restaurada no templo, mostra que o Senhor restaura a obra de justiça de Deus em Cristo na cruz, no que diz respeito à salvação, perdão, justificação como também de santificação. A Palavra da cruz é loucura para os que perecem, mas para nós que somos salvos é o poder de Deus (I Cor. 1.18).
Sem o altar e o cordeiro a ser sacrificado, isto é, sem Cristo, nada começa com Deus. Deus não aceita o homem pecador para viver com Ele, pois luz e trevas não podem ter comunhão. Se alguém diz que conhece a Deus e anda em trevas é mentiroso (I Jo. 1.6). Por isso Deus começa pelo altar, começa pela reconciliação, começa em nada propor, senão a Jesus Cristo, e este crucificado (I Cor. 2.2).
Não há obra de restauração se primeiro não for restaurado o testemunho do Senhor quanto à Cristo, o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. Nada inicia sem que o homem tome este Cordeiro e o ofereça em seu lugar a Deus, e se veja nEle, morto juntamente com Ele. E pela fé neste sacrifício seja justificado pelo sangue, morte e ressurreição de Cristo. O altar e o Cordeiro para o sacrifício, que são um só: Cristo Jesus.
O novo céu e a nova terra é testemunho disso. Lá não haverá mais altar, nem santuário, pois tudo será o Senhor e o Senhor será tudo (Apoc. 21.22). O que ficará é o testemunho do Cordeiro que foi morto, porque as chagas continuarão em suas mãos e pés pela eternidade. Tudo será esquecido, menos aquilo que iniciou a nossa reconciliação e vida com Deus; que Ele foi morto, mas agora vive pelos séculos dos séculos. Amém.

Fonte: http://www.vida.emcristo.nom.br/

 

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