O cristão é a “Bíblia do mundo”, a única que é lida por grande parte da população. Nossas vidas estão abertas para o mundo. Para cada pessoa que lê a Bíblia, 100 leem a vida dos cristãos. As pessoas do mundo conseguem contestar uma teologia fria e sem coração. Podem negar a lógica da verdade, mas não terão resposta para a vida de Cristo em nós, “uma epístola viva”.
Paulo escreveu em 2 Coríntios 3.2: “Vós sois a nossa carta, escrita em nosso coração, conhecida e lida por todos os homens”. No versículo seguinte ele escreveu: “estando já manifestos como carta de Cristo...” (v.3).
O pensamento aqui é que cada cristão, vivendo uma nova vida, expressa uma nova revelação da verdade e do poder do Evangelho – uma carta enviada ao mundo para testificar de Cristo.
O argumento mais forte a favor da verdade do cristianismo é uma vida cheia do Espírito. A melhor maneira de fazer os homens acreditarem em milagres é exibir o milagre da regeneração e do seu poder em nossas vidas. A melhor prova da ressurreição de Cristo é quando um cristão vive de fato a vida ressurreta.
Vivendo a vida de Cristo
O amor que emana de uma vida regenerada é visível. Produz uma carta que é conhecida e lida por todos os homens. É um poder que pode ser visto nos resultados que produz neste mundo tão decaído.
É o amor de Deus derramado no coração pelo Espírito Santo que nos foi dado que escreveu todas as páginas brilhantes da história no passado. Incorporado na vida do cristão, é algo que não pode ser escondido. Foi o amor que Cristo derramou sobre o apóstolo Paulo que o constrangeu a viver uma vida de tanta dedicação, sacrifício e sofrimento que a hostilidade dos inimigos da fé nunca foi capaz de explicar.
Que tipo de “Bíblia” o mundo lê em nós?
A “carta viva” não requer tradução para ser entendida em todos os países e climas. A vida de Cristo, humilde, santa, gentil consegue pregar uma mensagem capaz de ser ouvida em qualquer lugar no mundo por qualquer tipo de pessoa. O discurso mais eloquente e elaborado sobre salvação, santificação, separação e serviço é insípido e ineficaz em comparação com a eloquência de uma caminhada humilde e santa diante de Deus. Que comparação há entre uma descrição qualquer do cristianismo no papel e uma carta viva que todos conseguem ler?
A luz de uma vida cristã sem egoísmo não pode ser escondida. Não precisa de propaganda em outdoor. Aprendemos em Atos 4.13 que muito antes de Pedro e João escreverem suas cartas apostólicas, as autoridades judaicas “reconheceram que haviam eles estado com Jesus”. Eles não podiam fechar os olhos para o fato. Eram as cartas de Cristo que os escribas e fariseus não conseguiram deixar de ler. Os inimigos do Evangelho estavam atordoados, pois não tinham resposta alguma para dar aos apóstolos.
Se fôssemos tão fiéis quanto os apóstolos, todos os que tivessem contato conosco nas relações sociais, políticas ou comerciais seriam compelidos a ver em nós algo da confiança e do poder do Evangelho. Não em tábuas de pedra, mas nas tábuas de carne do coração.
Que tipo de Bíblia você, querido amigo, consegue ver em mim? Você vê uma Bíblia suja? Você vê uma Bíblia cheia de erros e mentiras? Você vê uma Bíblia hipócrita?
Você vê em minha vida, ouve em minha vida e contempla na minha vida a verdade da santa Palavra de Deus? Estou vivendo como uma carta viva o que Deus escreveu e revelou em seu Livro, a Bíblia Sagrada?
Que Deus ajude a todos nestes dias sombrios, que realmente acredito serem os últimos dias, a fim de que sejamos verdadeiras cartas, lidas por todos os homens! Que aquilo que o pecador vê em nós não seja uma pedra de tropeço, sobre a qual ele venha a cair! Que Deus nos ajude
a ser cartas que indiquem com clareza o caminho a Cristo!
Respostas às principais dúvidas, dificuldades e “contradições” da Bíblia.
O cristianismo é constantemente
desafiado não apenas por pessoas, mas também por várias crenças que
contrariam diversos preceitos bíblicos. Infelizmente, nem sempre os
cristãos estão preparados para responder às questões mais difíceis,
algumas aparentemente insolúveis. De fato, muitas dúvidas que parecem
comprometer a veracidade das Escrituras só podem ser esclarecidas com o
auxílio da teologia, da história e do conhecimento das línguas
originais. No entanto, se o domínio simultâneo de várias áreas parece
ser inatingível para a maioria das pessoas, Deus sempre levantou alguns
servos para se dedicar de corpo e alma ao estudo mais profundo da
Palavra de Deus. É o caso do dr. Gleason Archer. Considerado um dos
grandes apologistas de nossa época, ele reuniu diversos temas
considerados “complicados” e usou seu profundo conhecimento para
fornecer respostas claras e bem fundamentadas aos que crêem na Bíblia e
até mesmo aos que desconfiam dela.
Totalmente revisada, a Enciclopédia de temas bíblicos responde a questões como:
• Qual a explicação científica para o dia mais longo que está registrado no livro de Josué? • O texto de 1 Timóteo 2.12 proíbe a ordenação de mulheres ao ministério? • Um crente corre o risco de perder a salvação? • Existe oportunidade de salvação após a morte? • Jesus poderia ter cedido à tentação e cometido pecados?
Gleason L. Archer é professor
emérito da Trinity Evangelical Divinity School em Deerfield, Illinois,
nos Estados Unidos. Profundo conhecedor das línguas originais da Bíblia,
é fluente em outros 26 idiomas, entre eles o latim, o árabe e o
siríaco.
“Se estamos perplexos por causa de qualquer aparente
contradição nas Escrituras, não nos é permitido dizer que o autor desse livro
tenha errado; mas, ou o manuscrito utilizado tinha falhas, ou a tradução está
errada, ou não entendemos o que está escrito”
Santo Agostinho
Um certo dia, quando ainda era um adolescente, estava
casualmente conversando com um irmão e fiz o seguinte comentário: “Saul não
obedeceu ao Senhor deixando de eliminar a todos os amalequitas , conforme por
Ele ordenado (1Sm. 15:1-3) e, como consequência, não só foi rejeitado por Deus
como também foi assassinado por um amalequita no campo de batalha (2Sm.
1:1-10)”. O irmão, logo em seguida, disse: “deixe-me te mostrar uma contradição
na Bíblia. O relato em 1Samuel diz que o rei Saul cometeu suicídio, lançando-se
sobre sua própria espada (1Sm. 31:4-6), enquanto 2Samuel capítulo 1 registra
que ele foi morto por um amalequita, o qual, inclusive, foi executado por Davi
com base em sua própria confissão de assassinato. Qual dos relatos é correto?”
Não tive resposta, naquele momento, e o irmão, por sua vez, sorriu e encerrou a
conversa. Estaria a Bíblia cheia de contradições, erros e equívocos históricos,
narrativos ou doutrinários? Tive que conviver com esses questionamentos por
muito tempo até que conheci a apologética cristã. De forma bem simples,
apologética significa defesa e, no caso em questão, defesa da fé cristã (1Pe
3:15)1. A apologética é muito ampla em sua abordagem tratando de assuntos como
a existência de Deus, a confiabilidade das Escrituras, a veracidade histórica
da ressurreição de Cristo, ética cristã (como lidar com questões éticas como o
aborto, homossexualismo, feminismo, ideologia de gênero, ambientalismo,
pobreza, dentre outros), as seitas e heresias (campo denominado heresiologia),
entre muitos outros assuntos. Vivemos tempos difíceis, dominados pelo
relativismo moral, pluralismo e sincretismo religiosos, liberalismo e
misticismo teológicos e engano espiritual de todo gênero e espécie. Deus e Sua
Palavra nunca foram tão questionados, menosprezados e desafiados por homens com
corações insensatos e endurecidos pelo engano.
Mas Deus, ao longo dos séculos, tem levantado homens
revestidos e investidos com sabedoria do Alto, hábeis em apresentar a fé cristã
não apenas de forma racional e precisa, mas como sendo fiel e digna de inteira
aceitação Sem dúvida um dos nomes mais notáveis da apologética cristã da
atualidade foi Norman Geisler2, com centenas de publicações, livros e palestras
sobre apologética cristã. Assim como pode ser dito a respeito de Ravi
Zacharias3, sua contribuição nessa área para o cristianismo é incalculável e
somente a eternidade poderá recompensá-lo. Honremos a homens como estes (Fp.
2:29), dos quais o mundo não era digno (Hb. 11:38). Foi justamente por
intermédio do ministério apologético de N. Geisler que a quase totalidade de
minhas dificuldades bíblicas foram superadas e minha fé fortalecida na
infalibilidade da Palavra de Deus, pois um dos temas mais trabalhados pela
apologética é o das contradições bíblicas (quando aborda a historicidade,
confiabilidade, inspiração e inerrância das Escrituras). E é meu propósito
nesse texto apresentar algumas considerações feitas por Norman Geisler, em sua
Bíblia de Estudos (perguntas e respostas) , quando lidamos com dificuldades
bíblicas. Primeiro e antes de tudo, é preciso trabalhar com o seguinte
pressuposto: não há erros na Bíblia. O silogismo lógico é simples: (1) Deus não
pode errar (Hb. 6:18; Tt. 1:2; 2Tm. 2:13; Jo 14:6; 17:17 Sl. 119:160); (2) a
Bíblia é a Palavra de Deus (Jo 10:35; Mt. 4:4; 5:18; 2Tm. 3:16; 2Pe 1:21; Mc.
7:13; Rm. 9:6; Hb. 4:12); (3) portanto, a Bíblia está isenta de erros. A
inspiração divina é prova inquestionável de sua inerrância. Inobstante não haja
erros na Bíblia, há, sem dúvida, dificuldades (como a que apresentei no início
do texto), que são aparentes contradições, ou seja, não são contradições reais
ou verdadeiras. E como lidamos com esse tipo de dificuldade bíblica? Ignorar
não é opção. Na verdade, antes mesmo de tentar solucionar dificuldades
bíblicas, precisamos remover os véus que estão sobre o nosso entendimento,
obscurecido pelo pecado, lidando especificamente com os seguintes equívocos/erros
que invariavelmente
cometemos quando nos aproximamos da Bíblia, conforme
apresentado por N. Geisler (vou apenas citá-los, sem tecer comentários)4: 1.
Presumir que o que não foi explicado seja inexplicável. 2. Presumir que a
Bíblia é culpada (contém erros), até que se prove em contrário; 3. Confundir as
nossas falíveis interpretações com a infalível revelação de Deus; 4. Falhar na
compreensão do contexto da passagem; 5. Deixar de interpretar passagens
difíceis à luz das que são claras; 6. Basear um ensino/doutrina numa passagem
obscura; 7. Esquecer-se de que a Bíblia é um livro humano, com características
humanas (possui fontes humanas, estilos literários humanos, perspectivas
humanas, padrões humanos de pensamentos, emoções humanas, interesses humanos
específicos); 8. Presumir que um relato parcial seja um relato falso; 9. Exigir
que as citações do Antigo Testamento feitas no Novo Testamento sejam sempre
exatas (um mesmo significado pode ser transmitido sem o uso das mesmas
expressões verbais ); 10. Presumir que diferentes narrações sejam falsas (testemunhos
que diferem em pontos periféricos se complementam e confirmam a verdade central
da narrativa, como nos Evangelhos); 11. Presumir que a Bíblia aprova tudo que
ela registra (a verdade na Bíblia encontra-se em tudo o que ela revela , não em
tudo o que ela registra , v.g. , a idolatria da nação de Israel); 12.
Esquecer-se que a Bíblia faz uso de uma linguagem comum, não técnica ou
científica; 13. Considerar que números arredondados sejam errados (consequência
do uso do linguajar comum); 14. Não observar que a Bíblia faz uso de diferentes
recursos literários (narrativas, poesias, profecia, parábola, alegorias,
metáforas, dentre outros); 15. Esquecer de que somente o texto original é
isento de erros e não as cópias (apesar de que os erros dos escribas nos manuscritos
bíblicos não afetam a mensagem básica e central da Bíblia); 16. Confundir
afirmações gerais com universais (princípios bíblicos gerais admitem exceções);
e 17. Esquecer-se de que uma revelação posterior sobrepõe-se a uma anterior
(revelação progressiva).
1 “Antes, santificai ao Senhor Deus em
vossos corações; e estai sempre preparados para responder com mansidão e temor
a qualquer que vos pedir a razão da esperança que há em vós” (1 Pedro 3:15,
ACF). Gostaria de recomendar alguns livros de apologética que já tive a
oportunidade de ler: (1) Cristianismo puro e simples , de C.S. Lewis
[simplesmente um clássico da apologética cristã]; (2) Em Guarda: defenda a fé cristã
com razão e precisão, de William Lane Craig [um dos maiores apologistas vivos
da atualidade]; (3) A fé na era do ceticismo: como a razão explica Deus , de
Tim Keller [pastor presbiteriano norte-americano e um dos mais profundos e
profícuos expositores das Escrituras, que conheço]; (4) Apologética pura e
simples , de Alister McGrat.
2 Norman Geisler dormiu no Senhor em
01º de julho de 2019. Para mais informações, vide: https://pt.wikipedia.org/wiki/Norman_Geisler.
Recomendo muito a leitura do livro Não tenho fé suficiente para ser ateu , do
N. Geisler em coautoria com Frank Turek. Livro de leitura muito objetiva, clara
e convincente. Caso você deseje optar por um único livro de apologética (por
questão de interesse pessoal, tempo ou orientação do Senhor), eu indicaria esse.
3 Ravi Zacharias dormiu no Senhor em
19 de maio de 2020. Para mais informações, vide:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Ravi_Zacharias.
4 Para um aprofundamento de cada
tópico, recomendo a já mencionada Bíblia de Estudos (Pergunta e Respostas) e/ou
o Manual Popular – Dúvidas, Enigmas e Contradições da Bíblia , ambos de N.
Geisler.
Acredito que essas orientações sejam
úteis no sentido de nos equipar melhor para compreender e lidar com algumas
dificuldades bíblicas. Obviamente, nem tudo será respondido (e aí voltamos à
máxima do it e m 01 ), mas muito poderá ser satisfatoriamente esclarecido ou
explicado. Alguém já disse: “lendo a Bíblia eu encontrei muitos erros, todos
eles em mim.” O homem se esforça em encontrar erros na Bíblia porque, como já
disse Charles Spurgeon, “a Bíblia contém o que os homens odeiam: a verdade”. E
a verdade é a luz que expõe as trevas, erros e enganos de um coração rebelde e
idólatra. Portanto, encerro com um convite: que sejamos como o profeta Jeremias
que declarou “achadas as Tuas palavras, logo as comi; as Tuas palavras me foram
gozo e alegria para o coração...” (Jr. 15:16), clamando sempre ao Pai por espírito
de sabedoria e revelação (Ef. 1:17), quando nos aproximamos da Palavra de
Cristo, que deve habitar ricamente em nós (Cl. 3:16). Ah, e quanto à morte de
Saul, fica como dever de casa.
Os estudos sobre o livro de Levítico tratam dos requisitos para se
chegar a Deus: um sacrifício, um sacerdote e o lugar de adoração, que é o
altar. Temos tudo isso - e em perfeição - na pessoa e na obra de
Cristo. Ele é o fundamento, o objeto e o aroma agradável de toda a nossa
adoração!
A Série de Notas Sobre o Pentateuco apresenta a Pessoa
e a obra do Senhor Jesus em uma parte da Bíblia que o leitor não
imaginava encontrá-las. Você verá, através de um texto de fácil
compreensão, que as figuras do Antigo Testamento se consumam no Novo
Testamento.
Como vimos
anteriormente, o Senhor nos faz primeiramente retornar à Sua Palavra,
depois reacende a sua lâmpada trazendo visão espiritual, mas com o
propósito de que Cristo tenha toda a preeminência. Ele é antes de todas
as coisas, e tudo subsiste por Ele. O Alfa e o Ômega, o princípio e o
fim de tudo. E como também vimos, toda restauração de Deus começa pelo
seu Filho, porque Ele é o testemunho de Deus.
Como também já
citamos, irmãos preciosos tem exaustivamente falado pelo Espírito,
usando os livros de Esdras e Neemias para ensinar a Igreja sobre a
restauração do testemunho do Senhor. Mas como o orvalho de Hermon que
desce a cada manhã sobre os montes de Sião, e o maná que é dado a cada
dia também pela manhã, que o Espírito traga um frescor e um novo
alimento para a Igreja de Jesus Cristo; o qual esperamos que Ele o faça
em Nome de Jesus. As torrentes do rio Jordão começam com o orvalho que
desce do Hermon, e o pão nosso de cada dia, que desce dos céus, se torna
doce em nosso ventre.
O Senhor antes
de fazer a obra da criação realizou um grande projeto a partir do seu
Filho Jesus (Heb. 11.10). Ele é o arquiteto e edificador dessa obra, e
sempre que o homem se desvia desse projeto, desse propósito eterno de
Deus em Cristo, Ele o faz voltar. Lembrando que todo desvio é de Cristo
e para Ele temos que retornar, porque todo o prazer do Pai está nEle e
toda a sua vontade será satisfeita. O que todos devemos temer, é que
mesmo que este projeto já esteja acabado desde antes da fundação do
mundo, Ele pode dizer em qualquer tempo na sua ira: "Não entrarão
no meu descanso" Hebreus 4.3.
Olhando para
este projeto, para este propósito eterno, vemos então, depois dos 70
anos do cativeiro na Babilônia, Deus restaurando a Sua Palavra que
insistentemente foi enviada ao seu povo e desprezada, quando ainda
estavam em Israel (II Cron. 36.15-16). Então Deus abriu os olhos de
Daniel para ver pelas Escrituras que os 70 anos determinados ao povo de
Israel tinha se cumprido (Dan. 9.2). Daniel então, apesar de não
retornar a Jerusalém, teve a visão que Deus iria restaurar o templo de
Israel, fazendo o seu povo retornar para a terra, e orou pelo povo.
Que coisa
bendita é a oração segundo a vontade de Deus! Deus nunca se esquece da
sua promessa. Mesmo diante da incredulidade e desprezo do homem, Ele
sempre faz uma promessa, sempre jura por si mesmo (Heb. 6.13-18). Daí
traz a luz à Sua Palavra aos remanescentes, para que estes unidos ao Seu
coração possam orar e serem cooperadores na sua obra.
Assim Deus
fez, não com todos a princípio, mas com os remanescentes, pois na
restauração, eles sempre são os que cooperam com o Senhor. Deus então
estimula os seus espíritos para subirem a Jerusalém para restaurar o
templo (Esd. 1.5). A restauração é como um despertar de um sono para os
remanescentes (II Cron. 36.22-23, Esd. 1.1).
É claro e
notório que Deus tem feito uma restauração preciosa do seu testemunho em
todo o mundo, e que muitos tem tido a graça de serem participantes;
vendo a princípio, clamando e caminhando em cada ponto. Não usa a todos
porque Deus segue o seu padrão como podemos ver na restauração do
templo, mas o seu coração, apesar de usar os seus remanescentes, é para
todos. Ainda que inicie com os apóstolos, profetas, mestres e santos
aperfeiçoados, Ele deseja que todos cheguem (Ef. 4.13). Só não poderão
entrar os que não crerem (Heb. 3.19).
Como Deus
segue o seu projeto, o seu desenho inicial, a restauração do templo de
Israel traz traços muito preciosos para nós olharmos como segue a
restauração que Deus tem feito. O Senhor envia a Sua Palavra, traz a
visão e a primeira coisa que restabelece é a primazia, a preeminência da
Pessoa de Cristo. E isto vemos claramente na restauração do altar,
depois dos alicerces, depois do muro e das portas, porque o templo ou o
edifício somos nós, a Casa espiritual, a Sua Igreja.
A obra de
restauração também requer paciência, não por causa de Deus, mas por
causa da fraqueza do homem e dos combates do inimigo, o qual o Senhor
deixa para que o seu povo conheça que Ele é o Senhor, e que goze de
todas as vitórias alcançadas por Cristo. O Senhor deixa o inimigo para
exercitar o seu povo (Jz. 3.1-2), tão somente para que por Cristo também
sejam mais do que vencedores.
Desde que
começaram a restaurar houve muitas interrupções, o que fez com que a
obra estivesse acabada somente em 46 anos (Jo. 2.20). Com Davi e
Salomão, como com Jesus, a obra de construção foi rápida, mas a
restauração sempre demora mais. Para terminar são necessárias 2
gerações; uma que restaura o altar e os alicerces, e outra que restaura
os muros com as suas portas.
A ordem
deveria ser inversa, pois seria necessário restaurar os muros com as
suas portas e depois o altar, mas vemos que Deus sempre inicia pelo seu
Filho, e através do seu sacrifício. Lembremos que antes de Deus criar os
céus e a terra, o seu altar foi a primeira coisa a ser levantado, pois o
Cordeiro já tinha sido imolado, e o sangue já tinha sido derramado
(Apoc. 13.8).
O altar é a
primeira coisa a ser levantado e também a ser restaurado, porque o altar
representa a Cristo e sua obra sacrificial na cruz. O homem ficou em
inimizade contra Deus por causa da queda de Adão, e separado da vida de
Deus (Ef. 4.18). Separado da vida de Deus e destituído da sua glória
(Rom. 3.23), como filhos da ira (Ef. 2.3).
Para tornarmos
a viver com Deus é necessário primeiro uma reconciliação, e ela só pode
ser alcançada pela morte. Os pecados só são justificados com o
sacrifício de um inocente, e o pecador com a morte (Isa. 22.14; Rom.
6.7). Portanto, é necessário que o pecador, ainda que seja colocado um
substituto para o sacrifício, se identifique com aquele que está sendo
oferecido em sacrifício. Abel ofereceu um melhor sacrifício, ele viu o
Cordeiro de Deus ali, Cristo sendo sacrificado, como também se viu
morrendo juntamente com Ele. Quando Deus justifica não vê a morte do
substituto somente, mas do pecador também.
Cristo é o
cordeiro que foi sacrificado, mas Ele também é o altar. Qualquer homem
só pode viver com Deus se for incluído ali. Por isso Deus não aceitou a
Caim e a sua oferta. Ele não viu necessidade de se reconciliar com Deus,
portanto ele só pensou no sacrifício e não no altar. Pensou que poderia
ser aceito como um pecador. Ele não viu necessidade se uma morte e de
justificação.
Quando as
Escrituras relatam que homens no passado levantaram altares ao Senhor,
nos revela que eles estavam se entregando ao Senhor - o altar é
testemunho disso - como sacrifício pelo pecado, para que em Cristo
tivessem Vida.
Portanto, a
restauração do altar restaura a vida do homem com Deus, tanto no que diz
respeito à reconciliação quanto à vida espiritual a seguir. Com Deus e
com a Igreja, pois a realidade da Igreja são homens e mulheres
justificados pela fé, que agora também oferecem os seus corpos como um
sacrifício vivo, santo e agradável a Deus. De homens e mulheres cristãos
que foram perdoados, justificados e que agora se consideram mortos para
o pecado e vivos para Deus em Cristo Jesus (Rom. 6.11). Quando o altar é
restaurado toda a comunhão com o Pai, com o Filho, e uns com os outros
também é restaurada.
Todas as
coisas a serem restauradas por Deus dizem respeito ao seu Filho, por
isso a restauração é do testemunho de Deus, que de seu Filho testificou
(I Jo. 5.9), e o altar é a primeira representação dEle. Na figura do
altar, como a primeira coisa a ser restaurada no templo, mostra que o
Senhor restaura a obra de justiça de Deus em Cristo na cruz, no que diz
respeito à salvação, perdão, justificação como também de santificação. A
Palavra da cruz é loucura para os que perecem, mas para nós que somos
salvos é o poder de Deus (I Cor. 1.18).
Sem o altar e
o cordeiro a ser sacrificado, isto é, sem Cristo, nada começa com Deus.
Deus não aceita o homem pecador para viver com Ele, pois luz e trevas
não podem ter comunhão. Se alguém diz que conhece a Deus e anda em
trevas é mentiroso (I Jo. 1.6). Por isso Deus começa pelo altar, começa
pela reconciliação, começa em nada propor, senão a Jesus Cristo, e este
crucificado (I Cor. 2.2).
Não há obra de
restauração se primeiro não for restaurado o testemunho do Senhor quanto
à Cristo, o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. Nada inicia sem
que o homem tome este Cordeiro e o ofereça em seu lugar a Deus, e se
veja nEle, morto juntamente com Ele. E pela fé neste sacrifício seja
justificado pelo sangue, morte e ressurreição de Cristo. O altar e o
Cordeiro para o sacrifício, que são um só: Cristo Jesus.
O novo céu e a
nova terra é testemunho disso. Lá não haverá mais altar, nem santuário,
pois tudo será o Senhor e o Senhor será tudo (Apoc. 21.22). O que ficará
é o testemunho do Cordeiro que foi morto, porque as chagas continuarão
em suas mãos e pés pela eternidade. Tudo será esquecido, menos aquilo
que iniciou a nossa reconciliação e vida com Deus; que Ele foi morto,
mas agora vive pelos séculos dos séculos. Amém.